Belém (PA) – O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou nesta terça-feira (11) a edição 2025 do relatório Global Cooling Watch, a avaliação mais abrangente até o momento da crescente necessidade global por refrigeração. Segundo o documento, a demanda por resfriamento deve triplicar até 2050, o que pode contribuir para intensificar a mudança climática e causar sobrecarga das redes elétricas.
Segundo o documento, as emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao resfriamento podem duplicar até 2050 com este aumento de demanda, chegando a 7,2 bilhões de toneladas de CO2e até 2050. Serão mais ar condicionados e outros sistemas de refrigeração ligados.
Por isso, o documento propõe um Caminho para o Resfriamento Sustentável, de forma reduzir 64% das emissões de resfriamento até 2050, proteger 3 bilhões de pessoas do aumento do calor e economizar até US$ 43 trilhões em eletricidade e custos de infraestrutura.
Este caminho combina estratégias de resfriamento passivo, resfriamento híbrido e de baixo consumo de energia, que une ventiladores e condicionadores de ar, adoção rápida de equipamentos de alta eficiência e redução acelerada de refrigeradores ambientalmente sustentáveis.
Se adotado, o Caminho poderia economizar US$ 17 trilhões em custos cumulativos de energia até 2050 e evitar até US$ 26 trilhões em investimentos na rede por meio da redução da demanda de eletricidade.
Pensar em alternativas para o problema é essencial, diz Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA. “À medida que as ondas de calor mortais se tornam mais regulares e extremas, o acesso ao resfriamento deve ser tratado como infraestrutura essencial, juntamente com água, energia e saneamento”, diz.
Segundo o PNUMA, tais medidas sustentam a implementação do Mutirão Global Contra o Calor Extremo / Beat the Heat – um esforço coletivo liderado pela presidência da COP30 no Brasil e pela Cool Coalition do PNUMA – para situar o Compromisso Global pelo Resfriamento e preencher lacunas na política, financiamento e entrega de resiliência ao calor e resfriamento urbano.
Hoje, mais de 185 cidades, do Rio de Janeiro a Jacarta e Nairóbi, aderiram ao Mutirão – ao lado dos 72 signatários do Compromisso Global pelo Resfriamento.
Segundo a última atualização do relatório ‘Estado do Clima’, da Organização Meteorológica Mundial, feita no dia 6 de novembro, os últimos 11 anos (2015 – 2025) são os mais quentes já registrados, com cada ano superando os recordes de temperatura anteriores. A temperatura média global para o período de janeiro a agosto de 2025 foi de 1,42 °C ‡ 0,12 °C acima dos níveis pré-industriais, o que evidencia a aceleração das mudanças climáticas.
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