
O aumento dos níveis de CO2 na atmosfera está fazendo com que alimentos básicos como arroz e trigo fiquem menos nutritivos e a estimativa é que 175 milhões de pessoas consumam menos zinco e 122 milhões menos em proteínas que o recomendado até 2050. Esse alerta é resultado da pesquisa Impact of anthropogenic CO2 emissions on global human nutrition (Impacto das emissões antropogênicas de CO2 na nutrição humana global, em tradução livre) publicada na segunda-feira (27) na revista Nature Climate Change.
Segundo o estudo, em 2050 os níveis de emissão de CO2 chegarão a 550 partes por milhão (ppm) e isso afeta as culturas cultivadas, já que a concentração de CO2 diminui os teores de proteína, ferro e zinco em 3 a 17%, em comparação com as condições atuais.
Os pesquisadores Samuel Myers e Matthew Smith, da Universidade de Harvard, vinculam o nosso comportamento diário ao processo de tornar os nossos alimentos menos nutritivos. “Nossa pesquisa deixa claro que as decisões que estamos tomando todos os dias — como aquecemos nossas casas, o que comemos, como nos movimentamos, o que escolhemos comprar — estão tornando nossos alimentos menos nutritivos e pondo em perigo a saúde de outras populações e futuros gerações ”, alerta Samuel Myers.
Crianças são as mais afetadas

Segundo os cientistas, a situação é preocupante. Myers e Smith apontam que 1,4 bilhão de mulheres em idade fértil e crianças menores de 5 anos que estão atualmente em alto risco de deficiência de ferro poderiam ter sua ingestão de ferro na dieta reduzida em 4% ou mais. Os pesquisadores também enfatizaram que bilhões de pessoas que atualmente vivem com deficiências nutricionais provavelmente veriam suas condições piorarem como resultado de cultivos menos nutritivos.
A Índia será o país mais afetado, com a estimativa de que 50 milhões de pessoas deficientes em zinco, 38 milhões com deficiência em proteínas e 502 milhões de mulheres e crianças vulneráveis a doenças associadas à deficiência de ferro. Outros países do sul da Ásia, sudeste da Ásia, África e Oriente Médio também sofreriam um impacto significativo.
“Uma coisa que esta pesquisa ilustra é um princípio fundamental do campo emergente da saúde planetária”, disse Myers. E continua: “Não podemos interromper a maioria das condições biofísicas às quais nos adaptamos ao longo de milhões de anos sem impactos imprevistos em nossa própria saúde e bem-estar”.
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Impact of anthropogenic CO2 emissions on global human nutrition
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