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Defesa suspende operação contra garimpo em terras indígenas no Pará

Fiscalização na Terra Indígena Munduruku, em Jacareacanga, foi suspensa “para avaliação”, justifica o Ministério da Defesa. Salles visitou a região ontem

Daniele Bragança ·
6 de agosto de 2020 · 4 anos atrás
Garimpo na terra Indígena Munduruku, em 2018. Problema continua. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama.

Um dia após a visita do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, à região, o Ministério da Defesa resolveu suspender as operações contra garimpo na Terra Indígena Munduruku, no sudoeste do Pará. Na manhã de quarta-feira (05), após sobrevoar áreas de garimpo com jornalistas, Salles foi até Jacareacanga, onde se encontrou com garimpeiros que reivindicavam o fim das operações de repressão ao crime ambiental na região. Nesta quinta-feira (06), o Ministério da Defesa, que comanda a Operação Verde Brasil 2, anunciou a suspensão da operação “para reavaliação”.

Procurados, o Ministério da Defesa informou que uma delegação de representantes da região “está a caminho de Brasília, em uma aeronave da Força Aérea Brasileira, para reuniões com autoridades do Governo Federal” e que a operação na Amazônia Legal “continua em andamento”.

Terra Indígena Munduruku – desmatamento 
2008 0,95 km²
2009 1,61 km²
2010 0,99 km²
2011 1,94 km²
2012 1,77 km²
2013 0,71 km²
2014 1,08 km²
2015 0,89 km²
2016 1,92 km²
2017 4,31 km²
2018 6,58 km²
2019 18,35 km²
Fonte: Prodes

O ministro Ricardo Salles publicou no Twitter um vídeo sobre o sobrevoo realizado ontem:

 

A interrupção da operação deixou o Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama em terra, proibido de usar os helicópteros do Ministério da Defesa. “O Ibama teve que engolir a Verde Brasil para fazer os trabalhos de helicóptero dentro de Terra Indígena”, explica uma fonte da área ambiental federal, em conversa com ((o))eco.

“Mas então, essa do Exército, eu acho interessante que eles estão com uma proposta bem clara de fazer algo forte, intenso, pra inglês ver. O governo organizou pra ter essa tal de Verde Brasil com protagonismo necessário deles e eles com a expertise de não fazer nada e ficar enrolando dizendo que estão fazendo, que é o que eles sabem fazer melhor. E de quebra queima toda a grana que deveria ir para a fiscalização do Ibama e passa a ir pra essa micareta. Gasta o dinheiro. Faz alarde que vão aparecer e não atrapalha ninguém que, como diz o Bolsonaro, ‘está trabalhando’”.

Atualização

Agora a noite, o Ministério da Defesa enviou a seguinte nota para a redação:

O Ministério da Defesa (MD) informa que as operações nas terras indígenas Munduruku, no âmbito da Operação Verde Brasil 2, foram suspensas, nesta quinta-feira (05AGO), para avaliação de resultados, atendendo à solicitação dos indígenas. 

A suspensão buscou, ainda, permitir o deslocamento de representantes dos indígenas para Brasília, DF, em aeronave da C-95 da Força Aérea Brasileira, para realização de encontro no Ministério do Meio Ambiente (MMA), onde puderam apresentar seus pleitos e preocupações.

O regresso dos representantes dos indígenas, também em aeronave da Força Aérea Brasileira, está previsto para amanhã.

Ressalta-se que a Operação Verde Brasil 2 permanece ativa e atuante em toda Amazônia Legal.

 

Atualizado às 20h14 do dia 06/08/2020.

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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