Cerca de 200 indígenas de diferentes regiões do país participaram de uma passeata em defesa da demarcação de terras, nesta segunda-feira (13). O destino final da caminhada foi o prédio do Ministério da Justiça, em Brasília, onde os manifestantes apresentaram um documento simbólico do tamanho de uma quadra de vôlei e uma caneta inflável de cinco metros. A ação simbólica faz parte do ato “Demarca, Lula”, que pede ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a conclusão da demarcação de 104 Terras Indígenas ainda pendentes. Destas, 37 dependem de despacho do ministro da Justiça e 67 aguardam apenas a assinatura do presidente.
O ato promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com apoio da Avaaz, integra a programação da Pré-COP Indígena, que acontece entre os dias 13 e 14 de outubro, em paralelo à Pré-COP oficial. Enquanto diplomatas e negociadores debatem compromissos internacionais, os povos indígenas chamam atenção para uma medida imediata e de impacto real na contenção das mudanças climáticas: garantir a proteção jurídica dos territórios tradicionais.
Para as lideranças indígenas, a demarcação representa uma das respostas mais eficazes do Brasil à crise do clima. Estudos mostram que as Terras Indígenas são as áreas mais preservadas do país e funcionam como barreiras ao desmatamento e às emissões de carbono. “A demarcação é uma solução concreta e brasileira, que não depende de negociações internacionais”, defende a APIB, que vê nas demarcações um legado climático possível para a COP30, marcada para novembro em Belém (PA).
Em 2024, a APIB lançou a NDC Indígena, uma contribuição climática construída pelos próprios povos, propondo que a proteção dos territórios, saberes e modos de vida indígenas seja incorporada às metas oficiais do Brasil no Acordo de Paris.




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