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Deputados tiveram papel decisivo no agravamento da crise ambiental no governo Bolsonaro

Pesquisa analisou o quanto cada deputado federal contribuiu, com seus atos e votações, para aumentar ou reduzir a emissão de gases estufa, entre 2019 e 2022

Cristiane Prizibisczki ·
24 de abril de 2025

Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (19) mostra que a atuação de deputados federais entre 2019 e 2022 teve papel decisivo para o agravamento da crise ambiental e climática no país. Parlamentares de direita tiveram “pegada de carbono” maior.

Realizada pelo Instituto Representação e Legitimidade Democrática, do Programa dos Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (Redem-INCTs), a pesquisa mediu, a partir da criação de um índice de CO2, o quanto cada deputado federal contribuiu para aumentar ou reduzir a emissão de gases de efeito estufa no Brasil, com base em suas votações, discursos e projetos de lei.

Para construir o índice, os pesquisadores analisaram 617 votações nominais, 370 proposições legislativas e 2.453 projetos de lei, identificando quais ações favoreciam ou contrariavam a emissão de gases poluentes.

O índice atribuiu pontuações a cada parlamentar da 56ª legislativa (2019-2022), a partir da relação entre suas ações e os setores da economia mais emissores de gases, como agropecuária, energia, mineração e indústria.

Os resultados mostraram que mais da metade dos parlamentares foram favoráveis a propostas emissoras de CO2, durante o período analisado.

Uma das principais conclusões da pesquisa, segundo seus autores, é a correlação direta entre ideologia partidária e impacto ambiental: deputados de direita apresentaram, em média, índices mais altos de emissão que os de esquerda.

No ranking individual, os mais emissores foram: Paulo Gamime (NOVO-RJ), Alexis Fonteyne (NOVO-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Já os mais mitigadoras (que contribuiram mais para a redução de emissões) foram: Nilto Tatto (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF) e Rodrigo Agostinho (PSB-SP).

O trabalho também mostrou uma relação direta na atuação em frentes parlamentares ligadas ao setor de extrativismo primário, como a Frente Parlamentar da Agropecuária e a Frente Parlamentar da Mineração, e altas pontuações no ranking. 

“O índice mostra como as decisões do legislativo brasileiro podem impactar o futuro do planeta e coloca o parlamentar enquanto um agente emissor ou mitigador, podendo ser responsabilizado pelo atual estado da crise planetária”, diz Mateus Albuquerque, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná e um dos autores do estudo.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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