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Especialistas em meio ambiente vão ajudar a escolher novo diretor do INPE

Clézio De Nardin deixou o cargo após cumprir mandato de quatro anos. Carlos Nobre e Capobianco fazem parte do Comitê de Busca do novo diretor

Cristiane Prizibisczki ·
20 de fevereiro de 2025

O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) publicou hoje (20) os nomes dos especialistas integrantes do Comitê de Busca que vai ajudar a pasta a escolher o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Dois deles têm forte atuação na área ambiental. 

Clézio De Nardin solicitou, na quarta-feira (19), seu afastamento do cargo, após quatro anos à frente do Instituto. Sua saída era esperada desde outubro de 2024, quando o mandato acabou oficialmente. Desde então, o sindicato dos servidores da área espacial (SindCT) vinha requisitando ao MCTI a saída de Nardin.

Entre os nomes escolhidos pela pasta da Ciência e Tecnologia para compor o Comitê de Busca, estão o cientista Carlos Nobre, reconhecido mundialmente por seus estudos na área de mudanças climáticas, e o biólogo e ambientalista João Paulo Capobianco, que atualmente ocupa a secretaria-executiva do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Além deles, completam o comitê o secretário-executivo do MCTI, Luis Manuel Fernandes – que vai presidir o grupo –, o cientista Luiz Bevilacqua, que comandou a Agência Espacial Brasileira, e o engenheiro Julio Shidara, presidente da Associação da Indústria Aeroespacial Brasileira.

O Comitê de Busca deverá indicar ao Ministério de Ciência e Tecnologia três nomes de pessoas que eles julgam estarem aptas a ocupar a diretoria do INPE. Quem dá a palavra final é o próprio MCTI, em acordo com a presidência da República. Não há data para a finalização do trabalho do Comitê.

Enquanto o nome do novo diretor não sai, o comando do Instituto ficará a cargo do tecnologista Antonio Miguel Vieira Monteiro, que assume interinamente o cargo. Servidor de carreira do Instituto, Monteiro coordena o Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais (LISS), da Divisão de Observação da Terra e Geoinformação do INPE.

Ele é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Espírito Santo, tem mestrado em Computação Aplicada pelo INPE e doutorado em Engenharia Eletrônica e Controle/Ciência da Computação pela Universidade de Sussex, Reino Unido.

Fim de um ciclo

A saída de Clézio De Nardin da diretoria do INPE finaliza um ciclo em que o Instituto esteve sob o comando de apoiadores de Jair Bolsonaro. Ao menos isso é o que espera o Sindicato dos Servidores da área.

A crise do INPE teve início em julho de 2019, quando o então presidente Bolsonaro colocou em xeque a credibilidade dos números de desmatamento do Instituto e, posteriormente, exonerou o então diretor, Ricardo Galvão, por este ter defendido o órgão.

O que se viu em seguida foi uma campanha de desmoralização do órgão, por parte de apoiadores e do próprio Bolsonaro, e um severo corte de verbas, que fez com que o INPE, por vários meses, tivesse de manter apenas os serviços e programas essenciais.

Em paralelo à campanha difamatória, o então presidente nomeou um diretor interino, Darcton Damião, que promoveu uma profunda reforma na estrutura interna do Instituto, à revelia dos funcionários, segundo o SindCT.

Em outubro de 2020, Clézio De Nardin assumiu o INPE, por indicação do MCTI, então comandado pelo astronauta Marcos Pontes, com quem Nardin manteve estreita relação até o fim de seu mandato.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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