A escolha do executivo saudita do petróleo Sultan Al Jaber para chefiar as negociações climáticas deste ano é novamente alvo de críticas. Nesta terça-feira (23), mais de 130 legisladores da União Europeia e dos Estados Unidos, entre eles diversos parlamentares de ambos os blocos, pediram a remoção de Al Jaber da posição.
Em uma carta conjunta dirigida às Nações Unidas, à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyer, e ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, os legisladores alertam que empresas de combustíveis fósseis vêm exercendo “influência indevida” sobre as negociações e que a manutenção de Al Jaber pode “prejudicar severamente” as negociações, que este ano acontecem em novembro, nos Emirados Árabes.
Sultan Ahmed Al Jaber é atualmente diretor executivo da Abu Dhabi National Oil Company, uma das maiores empresas de petróleo do mundo. Sua nomeação como chefe das discussões climáticas deste ano gerou uma onda de protestos desde que foi anunciada, em janeiro de 2023. Ativistas alegam “claro conflito de interesses”.
Na carta conjunta enviada hoje, os legisladores dizem que “a decisão de nomear como presidente da COP-28 o presidente-executivo de uma das maiores empresas de petróleo e gás do mundo – empresa que anunciou recentemente planos de adicionar 7,6 bilhões de barris de petróleo à sua produção nos próximos anos, representando o quinto maior aumento do mundo – representa um risco de que as negociações sejam minadas”.
Os legisladores também pedem medidas que limitem a influência corporativa nas Conferências do Clima, com regras mais rígidas para sua participação. Na COP-27, realizada no Egito em 2022, ao menos 636 lobistas da indústria do petróleo e gás se inscreveram, um aumento de 25% em relação ao ano anterior.
“Quando o número de participantes que representam atores corporativos poluidores, que têm um vasto interesse financeiro em manter o status quo, é maior do que as delegações de quase todos os países presentes, é fácil ver como a presença deles pode obstruir a ação climática”, diz a carta.
Apesar dos avanços alcançados, como a discussão de um Fundo para Perdas e Danos, a Conferência do Clima da ONU de 2022 falhou em determinar limites claros para produção de combustíveis fósseis, ponto que se espera avanço na conferência deste ano.
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