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Galeria: Projeto monitora fauna em manguezal restaurado na Baía de Guanabara

Desenvolvido pela ONG Guardiões do Mar, projeto Uçá analisa a biodiversidade recuperada após a restauração do mangue na APA de Guapimirim, na Baixada Fluminense

Júlia Mendes ·
30 de janeiro de 2024

Apesar da fama pelo acúmulo de lixo durante décadas e a expansão imobiliária e industrial em seu entorno, a Baía de Guanabara também apresenta locais onde há esperança. A APA Guapimirim é a última área da baía a apresentar aspectos próximos aos do período anterior à colonização do país, com características específicas de manguezais que não foram utilizados pelo homem. Hoje, o Pantanal Fluminense – como também é conhecida a área preservada – continua sendo um exemplo de resiliência, principalmente pelo ação de grupos locais, como os reunidos no Projeto Uçá. 

Há 2 anos, pesquisadores, catadores e pescadores realizam o monitoramento da fauna em uma área de 10 hectares de manguezal restaurado da APA Guapi-mirim. O projeto Uçá – desenvolvido desde 2012 pela ONG Guardiões do Mar e que tem o patrocínio da Petrobras –, ocorre por meio da união entre uma comunidade tradicional de pescadores e catadores de caranguejos, representados pela Cooperativa Manguezal Fluminense e pela Associação dos Pescadores de Itambí (Acapesca), e o corpo técnico de pesquisadores e ambientalistas da Guardiões do Mar. 

O resultado desta restauração pode ser vista na galeria abaixo: 

Localizada no Rio de Janeiro, a UC abrange os municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Guapimirim e Magé. Apesar de ser o último reduto do ecossistema remanescente e abrigar a maior área contínua de manguezal preservada do estado, a APA tem trechos onde ocorreram intensos desmatamentos, em especial, até a década de 80. Foto: Rodrigo Campanário.
Uma manada de atobás-pardos buscam alimento nas águas. A espécie é típica de mares tropicais e subtropicais. Foto: Rodrigo Campanário
“Quando produzíamos mudas no viveiro, muitas eram perdidas. Então, por meio da expertise do pescador, nós começamos a transplantá-las. Passamos a tirá-las de baixo da planta mãe e as levá-las ao sol. Desta forma, ficamos dentro da margem de perdas, chegando a, no máximo, seis por cento”, conta o presidente da Cooperativa Manguezal Fluminense, Alaildo Malafaia. Foto: Rodrigo Campanário
O carangueijo aratu não é comumente utilizado para consumo humano. Foto: Rodrigo Campanário
Uma garça-branca-pequena levanta voo na APA de Guapi-mirim. “A presença, nessa área restaurada, dos animais que participam do topo da cadeia alimentar, como a garça-azul, garça-grande-branca (foto acima) e até o mamífero mão-pelada, mostram equilíbrio e são um indicativo de um habitat saudável”, explica Marlon Modesto, do Projeto UÇÁ. Foto: Rodrigo Campanário
Com as ações de reflorestamento dos manguezais da área e o desenvolvimento das mudas plantadas, os animais característicos do ecossistema manguezal puderam se beneficiar das mudanças no ambiente. Até o momento, já foram registradas 47 espécies entre aves, mamíferos e crustáceos. Com sua plumagem rosa, (foto acima) o colhereiro sobrevoa as águas do manguezal. Essa espécie de ave é considerada um indicador de boa qualidade ambiental, pois é extremamente sensível à poluição, não sobrevivendo em meio a ela. Foto: Rodrigo Campanário
Pesquisadores do projeto Uçá realizam o monitoramento na APA de Guapi-Mirim. Para a pesquisa sobre a distribuição das larvas do caranguejo-uçá na Baía de Guanabara, é utilizada uma rede de plâncton, que o pesquisador segura na foto acima. Além da rede em si, o objeto também tem uma boia, o fluxômetro – aparelho que mede quantos metros cúbicos de água passaram pela rede – e o copo coletor, no qual ficam retidos os animais muito pequenos que são capturados e depois analisados por microscópio. Foto: Rodrigo Campanário
Sabiá do Campo. Foto: Rodrigo Campanário
O siri azul também é outro animal típico do mangue que tem grande  importância econômica no Brasil para pescadores e outros profissionais que vivem da captura do animal. Esta espécie de siri é um crustáceo nativo da costa oeste do Oceano Atlântico, encontrado desde o Uruguai até o litoral do Canadá. Foto: Rodrigo Campanário 
Encontrada em todo território brasileiro, a garça-moura é considerada a maior espécie da família, devido aos seus 125 cm de altura e 1,80 m de envergadura. Foto: Rodrigo Campanário
  • Júlia Mendes

    Estudante de jornalismo da UFRJ, apaixonada pela área ambiental e tudo o que a envolve

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