A casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi alvo de mais uma operação do Ibama nesta terça-feira (18). A ação é desdobramento da realizada em fevereiro, que encontrou irregularidades na criação amadora de pássaros pelo ex-ministro. Cinquenta e cinco pássaros foram apreendidos na casa de Torres, em Brasília. Entre eles, a maior parte eram bicudos (Sporophila maximiliani), espécie em perigo crítico de extinção no País.
Segundo o órgão ambiental, Anderson foi autuado em R$ 52,5 mil por inserir informação falsa no Sispass (Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros), e em R$ 2,5 mil pela mutilação de um bicudo. As multas foram aplicadas hoje, segundo disse o Ibama a ((o))eco. O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) também prestou apoio logístico na operação.
Em fevereiro, cerca de 60 pássaros tinham sido encontrados na casa de Torres, entre eles o bicudo mutilado, segundo disse a ((o))eco Roberto Cabral, analista ambiental do Ibama que participou daquela operação. Outros pássaros da mesma espécie estavam ausentes sem autorização do Ibama, ou seja, estavam registrados mas não foram encontrados no local. Nenhuma das aves tinham sido apreendidas até hoje.
Entre as espécies recolhidas nesta terça estão: 45 bicudos (Sporophila maximiliani); três canários-da-terra (Sicalis flaveola), dois tiê-sangue (Ramphocelus bresilia), quatro curiós (Sporophila angolensis) e um azulão (Cyanoloxia brissonii).
Conforme disse Cabral, Torres poderia perder a licença de criador amadorista de pássaros e ser autuado se não apresentasse informações sobre as aves não encontradas naquela fiscalização. Àquela época, o Ibama descobriu que o ex-ministro tinha transferido todo o seu plantel – grupo de aves – para o nome da mãe. Mas no sistema o endereço dos dois registros era o de Anderson, o que é ilegal.
“Apesar de a mãe do ex-ministro constar no Sispass como responsável pelo plantel, os animais eram mantidos por Anderson Torres”, informou o Ibama nesta terça. Ainda neste mesmo endereço, o órgão ambiental identificou o registro de um criatório comercial, prática também ilegal.
Segundo o órgão ambiental, a apreensão feita na casa de Torres faz parte da Operação Gênesis, que quer descobrir se declarações de nascimento feitas por criadores amadoristas são verdadeiras ou apenas utilizadas para obter anilhas – instrumento utilizada para identificar pássaros criados em cativeiro – que, depois, serão usadas em animais silvestres retirados ilegalmente da natureza.
O nome de Torres surgiu durante operação quando o Ibram encontrou, no final do ano passado, uma anilha registrada no nome dele em um outro criatório amador com irregularidades. Segundo o Ibama, 314 criadores já foram diretamente impactados pela operação no Distrito Federal.
Criação amadora
Como criador amadorista, é permitido que aves sejam mantidas legalmente em cativeiro, desde que respeitados os trâmites legais cabíveis, como o registro regular junto ao Ibama. A criação com finalidade econômica ou comercial é proibida nesta categoria.
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Cada vez mais o eco mostra a face revanchista esquerdopata. Igual o fachin, não pode ficar preso por causa do endereço.