
Pescadores e moradores tradicionais vão ser mobilizados, para encontrar e acompanhar fêmeas, ninhos e filhotes de tartarugas marinhas no litoral do Espírito Santo. O contrato para o estudo foi assinado esta semana entre a Fundação Pró-Tamar e a Fundação Renova, responsável por restaurar os danos provocados pelo rompimento da barragem do Fundão.
O monitoramento vai avaliar os possíveis impactos sobre os animais provocados pela lama despejada pela Samarco no Rio Doce e orientar ações de reparação e compensação. Entre os aspectos a serem avaliados estão a reprodução e alimentação das tartarugas. “O monitoramento vai durar 5 anos, em 156 quilômetros de praias, de Aracruz a Conceição da Barra”, conta a bióloga Andréia Azevedo, diretora de Desenvolvimento Institucional da Fundação.
Os primeiros resultados devem ser apresentados dentro de seis meses. O levantamento será realizado ao longo de todo o ano, dia e noite, mas reforçado entre setembro e março, período de desova das tartarugas. A expectativa da Fundação Renova é que, além de apresentar informações sobre a conservação das tartarugas, seja fonte de emprego e renda para a população da região.
IUCN

A Fundação já havia anunciado no início do mês uma parceria com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), que vai liderar o Painel Independente de Assessoramento Científico e Técnico (Istap, em inglês). A missão do Painel é acompanhar as ações de recuperação na região do Rio Doce pelos próximos cinco anos. A presidente do WWF Internacional, Yolanda Kakabadse, será coordenadora do o trabalho.
A composição do Painel Rio Doce, a agenda, as conclusões e as recomendações do Painel Rio Doce serão públicas e divulgadas periodicamente. Elas podem ser encontradas em uma página da internet. O Painel será formado por mais seis membros, escolhidos por meio de edital público. A atuação será dividida inicialmente em seis eixos temáticos: vida terrestre, marinha e ribeirinha; estratégia, toxicologia; impactos sobre ecossistemas, remediação dos ecossistemas; gestão de água, resíduos e rejeitos; e práticas sustentáveis.
Leia Também
Bruno Milanez: “Auditorias apontaram 27 barragens de rejeitos sem estabilidade garantida”
Leia também

Bruno Milanez: “Auditorias apontaram 27 barragens de rejeitos sem estabilidade garantida”
Especialista alerta para "tragédias anunciadas" e para o perigoso isolamento em que governo e mineradoras tomam decisões no setor →

No rastro do desastre da Samarco, da lama ao caos
As imagens apocalípticas da descida da lama da barragem do Fundão e a perplexidade dos moradores das cidades que margeiam o Rio Doce. →

Lama da Samarco chega no mar e interdita praias capixabas
Onda tóxica poluiu uma faixa de 10 km de comprimento por 40 km de largura no mar do Espírito Santo. Três praias foram interditadas para banho. →