De tamanhos variados e riquezas exuberantes, as cavernas possuem habitantes únicos e ainda pouco conhecidos. Para tentar conhecer melhor essa fauna cavernícola, ou seja, que vive apenas em cavernas, pesquisadores desenvolveram um mapa de áreas prioritárias para realização de inventários de espécies. É como um mapa do tesouro para documentar morcegos, peixes e invertebrados restritos a esses ambientes. A iniciativa faz parte do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil).
“Neste estudo, foram consideradas as lacunas de inventário biológico, ou seja, as regiões onde a informação sobre a presença de espécies é escassa ou inexistente. Para identificar essas áreas, mapeou-se os locais onde já existem registros e, em seguida, comparou-se esses dados com a área total de estudo e identificamos as regiões que ainda não foram amostradas”, conta o analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas e um dos autores desse projeto, Tiago Silva.
Os dados revelam uma maior diversidade de fauna cavernícola nos estados de Minas Gerais, Bahia e São Paulo. Entre os resultados, o mapa identificou maior concentração de invertebrados nas cavernas da região do quadrilátero ferrífero, no centro-sul de Minas Gerais, estendendo-se até o sudoeste da Bahia. No Vale do Peruaçu, localizado no norte do estado de Minas, foi identificada uma maior ocorrência de peixes cavernícolas e de morcegos. O Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), no sul do estado de São Paulo, também foi apresentado como área importante para estes mamíferos voadores.
Mais de 26 mil cavernas no país
De acordo com dados recentes do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBIO/Cecav), o Brasil ultrapassou a marca de 26 mil cavernas registradas. Segundo o Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro deste ano, Minas Gerais é o estado com maior concentração de cavernas no país (12.911), seguido pelo Pará (3.224) e pela Bahia (2.017). Quase metade de todas as cavernas conhecidas estão no Cerrado (12.008).
O levantamento revela ainda que 8.322 cavernas estão dentro de unidades de conservação, o equivalente a quase um terço do total, sendo 57% em UCs de uso sustentável e 43% de proteção integral.
Ainda de acordo com o anuário, atualmente 11.397 (43,76% do total) das cavernas conhecidas estão localizadas em áreas pleiteadas pela mineração.
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Vinicius Nunes
Cientista Social pela FGV/CPDOC e estudante de Jornalismo na ESPM-Rio. Entusiasta da pauta ambiental, política e esportes. →
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