Junho é o quarto mês consecutivo que o desmatamento bate recorde na Amazônia, registrando 1.062 km² de floresta derrubada na Amazônia Legal em 30 dias. Tal resultado indica que o desmatamento anual pode ultrapassar de novo a marca de 10 mil km² de destruição florestal. Desde 2008 o país conseguiu manter o desmatamento anual abaixo de 10 mil km². Essa marca foi alcançada em 2019 e vem se repetindo desde então, mesmo com reforço dos militares na fiscalização da Amazônia.
Junho registrou a maior alta verificada desde a estreia do projeto Deter-B, do INPE. Falta apenas julho para acabar o ano do desmatamento, que começa em agosto de um ano e fecha em julho de outro. Os dados oficiais do desmatamento são medidos pelo Prodes, do INPE, e os dados preliminares saem no final do ano, normalmente antes do início da reunião da COP do Clima.
Embora os dados dos alertas do Deter não sejam usados oficialmente para afirmar que o desmatamento está aumentando – o Deter auxilia as equipes do Ibama, ICMBio, PF, Secretarias Estaduais de Meio Ambiente na escolha de alvos a fiscalizar – os números apontam uma tendência, e ela é de terra arrasada.
“Desde o início, o regime Bolsonaro sabota os órgãos de fiscalização ambiental e adota medidas para favorecer quem destrói nossas florestas. Os altos índices de desmatamento não ocorrem por acaso: são resultado de um projeto do governo. Bolsonaro é hoje o pior inimigo da Amazônia”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, em nota divulgada para a imprensa.
Também em nota, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia chama atenção para o fato de existem 5 mil quilômetros quadrados de vegetação desmatada desde 2019 esperando o fogo, e um efeito somado do fenômeno La Niña e o aquecimento de partes do Atlântico Tropical Norte pode criar condições mais secas para a região – o que facilita o espalhamento do fogo.
“A sinalização de que alguma ilegalidade é admitida, somada a projetos como o PL 2633, que em nome da regularização fundiária pode anistiar grilagem, tendem a estimular ainda mais desmatamento”, diz diz Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
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