A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) reconheceu formalmente as trilhas como ferramenta para proteção da biodiversidade no mundo. A decisão abraça as trilhas como corredores ecológicos e estabelece um esforço transversal para desenvolver e guiar os próximos passos nessa agenda. O reconhecimento foi o tema da moção número 4, aprovada na última quinta-feira (9) em votação virtual pelos membros da IUCN, durante o Congresso Mundial de Conservação.
“Por iniciativa do Brasil, a IUCN aprovou uma resolução que, pela primeira vez, reconhece as trilhas como ferramenta de conservação. E a proposta nasceu da experiência com a Rede Brasileira de Trilhas”, destaca o diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Pedro da Cunha e Menezes, em conversa com ((o))eco.
A moção tem como base “promover uma visão holística de trilhas de longo curso, não apenas como infraestrutura de recreação, mas ferramentas de conservação que conectam áreas urbanas, rurais e selvagens; moldam novos conservacionistas; e servem de conector para lugares que representam valores culturais, espirituais, cênicos e morais”.
Essa proposta ecoa os aprendizados e pioneirismo da Rede Brasileira, conta o diretor do MMA, ao juntar, numa mesma estratégia, recreação, pesquisa, peregrinação (caminhadas por motivos religiosos) e o público urbano.
“Eu acho que nós temos cada vez um grupo de gestores nas três esferas de governo que começam a entender a importância do uso público, para além do turismo. Muita gente entendia o uso público como o mercado se impondo sobre a unidade de conservação quando, na verdade, ele é muito mais. O uso público começa com o nosso direito inato de nos reconectar com a natureza. E o Brasil, a meu ver, nunca teve uma política de conservação para quem mora na cidade. E efetivamente essa é a ferramenta que nós temos para conectar com o eleitor, com o formador de opinião”, explica.
O diretor acrescenta o êxito da Rede, política pública criada em 2018, em também fortalecer o diálogo e integração entre a gestão das áreas protegidas de diferentes esferas, por meio de um padrão de implementação. “Com essa visão padronizada, a trilha passa a ser uma ferramenta do sistema. E a Rede está servindo como essa ligação sistêmica por meio da conectividade entre as áreas protegidas”, completa Pedro Menezes.
O trabalho dentro da IUCN será conduzido pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA), por meio de um grupo de trabalho focado em trilhas e conservação, em cooperação com a Rede Mundial de Trilhas (World Trails Network), da qual a Rede Brasileira de Trilhas faz parte. A proposta foi encampada ainda pelo Instituto InterEnvironment, que será responsável por dar apoio administrativo e de pesquisa às próximas ações.
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