Cada ação gera uma reação. Em resposta à política do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de endurecer o controle das fronteiras, o governo canadense decidiu barrar a entrada de caminhantes da Pacific Crest Trail (PCT). A trilha de longo curso, que possui mais de 4 mil quilômetros, vai do México ao Canadá, pela costa oeste dos EUA. Mais comumente percorrida no sentido norte, os “thru-hikers”, aqueles que se dispunham a fazer a PCT por completo, comemoravam seu feito com a tradicional chegada no Parque Provincial E.C. Manning, já do lado canadense. Quem planeja fazer a trilha esse ano, entretanto, terá que dar meia volta na fronteira.
A decisão foi anunciada na última semana pela Agência de Serviços de Fronteira do Canadá (CBSA, na sigla em inglês). De acordo com o comunicado, está suspensa a emissão de licenças de forma antecipada, feita por meio de um formulário online, aos trilheiros da PCT. Agora, para atravessar será necessário se apresentar presencialmente em um dos portos de entrada do país. A mudança representa um desvio considerável já que os dois portos mais próximos são Osoyoos e Abbotsford, situados a aproximadamente 100 quilômetros da trilha.
Além disso, para sair da trilha, os caminhantes que chegarem na fronteira precisarão percorrer cerca de 50 quilômetros para voltar até Harts Pass, cruzamento rodoviário mais próximo. Anteriormente, seguindo pela trilha, da fronteira entre EUA e Canadá até o final oficial da PCT, são 13 quilômetros de caminhada em solo canadense.
De acordo com a CBSA, a mudança facilitará o monitoramento da conformidade dos usuários da trilha, aumentará a segurança na fronteira “e se alinha com a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP), que não permite que viajantes entrem nos EUA vindos do Canadá na trilha”.
A Pacific Crest Trail Association, organização da sociedade civil que apoia a trilha, lamentou a decisão, apesar de reconhecer a equivalência com a política dos EUA. Em nota, eles reforçaram a importância dos caminhantes adotarem práticas de mínimo impacto, considerando que este trecho da PCT no extremo norte dos Estados Unidos vai ser mais frequentado, “agora que mais pessoas estão viajando por esta seção da PCT duas vezes”.
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