A mineração no profundo de mares e oceanos pode ser liberada até 2025. A decisão veio após duas semanas de reuniões da Autoridade Internacional dos Fundos Marinho (ISA, sigla em Inglês), fechadas na última sexta (28), na Jamaica.
O adiamento atendeu a demandas de 21 países, como o Brasil. O Itamaraty propôs uma moratória de ao menos 10 anos para mais estudos sobre os impactos dessa mineração na biodiversidade e ambientes de água salgada.
Cientistas, conservacionistas e demais setores atentos à proteção marinha alertam que espécies e ecossistemas levariam de milhares a milhões de anos para se recuperar dos prejuízos da mineração em águas profundas.
Esses efeitos colaterais se somariam às pressões da crise climática global, do despejo de lixo, da pesca excessiva, da poluição e de outras ações humanas sobre os já saturados mares e oceanos.
No encontro, a mineração quase foi liberada pelo fim do prazo de 2 anos para que a ISA avaliasse um pedido de Nauru. Isso atenderia a uma mineradora canadense, que começaria a explorar o país isolado no Pacífico já em 2024.
Essa e outras companhias estão de olho em recursos como manganês, níquel, cobre e cobalto em regiões como a Clarion Clipperton Zone, a 4 mil metros de profundidade, no Pacífico.
Os minerais são usados em painéis solares e baterias de carros elétricos, que ajudariam a enfrentar a crise global do clima. Especialistas afirmam que há recursos suficientes em terra, com extração, reúso e reciclagem.
As informações são de agências de notícias e sobretudo da Coalizão para Conservação do Alto-Mar (DSCC, sigla em Inglês), que agrega mais de cem entidades civis, de pescadores e de políticas públicas globais.
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