As populações de 523 (44%) de 1.189 animais listados na Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS, em Inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) estão encolhendo. Além disso, 262 (22%) delas podem ser extintas, uma taxa que salta para 97% quando o assunto são peixes.
O alerta foi condensado no primeiro relatório da entidade sobre a situação global dessas espécies. Ele traz uma visão geral sobre sua conservação e tendências populacionais, informações atualizadas sobre as principais ameaças e, ainda, sugere como salvá-las.
A publicação lembra que os riscos incidem sobre outras 3 mil dessas espécies não listadas na Convenção, inclusive porque é intensa a degradação e destruição global dos locais de migração por ações humanas. A captura intencional ou acidental também encolhe os números desses animais.
Registada no litoral brasileiro, uma espécie migratória ameaçada e ainda não registrada pela CMS é o cação-viola (Pseudobatos horkelii). Sua situação é das mais preocupantes no Atlântico Sul, pois, nas últimas décadas, pescarias ilegais e acidentais reduziram suas populações em 80%.
Como destacou ((o))eco em reportagem de dezembro de 2022, conservar espécies migratórias é mais desafiador por sua intensa movimentação dentro e fora de áreas protegidas, cruzando fronteiras nacionais e continentes inteiros para se alimentar e reproduzir.
“As espécies migratórias dependem de uma variedade de habitats específicos em diferentes momentos de seus ciclos de vida e sua sobrevivência depende dos esforços de todos os países em que são encontradas”, diz Amy Fraenkel, secretária-executiva da CMS.
Pois, o relatório das Nações Unidas aponta que metade das 10 mil áreas mundiais importantes para espécies migratórias não tem proteção legal, enquanto seis em cada dez sofrem pressões humanas insustentáveis, como desmate, agricultura e urbanização. O coquetel de ameaças é encorpado por crise do clima, poluição e espécies exóticas invasoras.
Contudo, proteger as migratórias e seus ambientes é um jogo onde todos ganham. Afinal, elas são essenciais para manter ecossistemas e uma gama de benefícios vitais para a humanidade, como polinizar plantas, atacar pragas agrícolas e ajudar a armazenar Carbono, um gás de efeito-estufa.
“Dada a situação precária de muitos desses animais, não podemos nos dar ao luxo de adiar [ações] e devemos trabalhar juntos para tornar as recomendações [do relatório] uma realidade”, defende Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Nessa direção, a publicação lista ações para reduzir a pindaíba das espécies migratórias. Ela inclui combater sua captura criminosa e insustentável, proteger áreas mais valiosas para seus deslocamentos, conter as mudanças climáticas e a poluição luminosa, sonora, química e plástica.
*Com informações da Convenção sobre Espécies Migratórias das Nações Unidas.
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