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Organizações pedem que OTCA declare Amazônia como zona de exclusão de petróleo

Encontro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica começa nesta segunda. Presidentes do bloco se reúnem no final da semana

Cristiane Prizibisczki ·
19 de agosto de 2025

Mais de 50 organizações de países amazônicos apresentaram, nesta segunda-feira (18), uma carta pública endereçada aos presidentes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), pedindo que a Amazônia seja declarada a primeira zona de exclusão mundial para exploração e produção de combustíveis fósseis. 

A V Cúpula de presidentes da OTCA conta com programação durante toda esta semana na cidade de Bogotá, Colômbia, e tem como pauta a formalização de um posicionamento conjunto a ser levado para a COP30. O encontro dos presidentes está marcado para sexta-feira (22).

Assinam a carta cerca de 20 organizações e nacionalidades indígenas, incluindo a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), junto a 30 organizações da sociedade civil dos países integrantes do bloco.

Segundo a carta, a decisão de tornar a Amazônia livre da exploração de petróleo e gás marcaria um precedente histórico para proteger a biodiversidade, garantir os direitos coletivos dos Povos Indígenas e enfrentar a crise climática.

Além disso, dizem as organizações, uma decisão como esta responderia aos alertas científicos e às recentes decisões da Corte Internacional de Justiça e da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que estabeleceram a obrigação legal dos Estados de frear a expansão do petróleo, do gás e do carvão, além de cooperar para alcançar uma transição energética justa.

A três meses da COP30, as organizações dizem que o mundo observará se os presidentes amazônicos estão dispostos a liderar com ações, e não apenas com discursos.

 “A OTCA não pode deixar passar esta oportunidade histórica. A Amazônia não é uma zona de sacrifício: é território de vida para os povos indígenas e pilar essencial para o equilíbrio climático do planeta. Reconhecê-la como zona livre de combustíveis fósseis seria um ato de liderança real frente à crise climática e um sinal claro de que se escolhe a vida sobre a destruição, disse Jamner Manihuari Curitima, vice-coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), disse:

Ação parlamentar

A carta das organizações foi impulsionada por um movimento liderado pela Assembleia por uma Amazônia Livre de Combustíveis Fósseis. Na última quinta-feira (14), a Assembléia também enviou uma carta ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro, instando o governante a pautar o fim dos fósseis na Amazônia na V Cúpula de presidentes da OTCA.

“Senhor Presidente, o mundo está observando a Colômbia. Governos, cientistas, povos indígenas e a sociedade civil global medirão o sucesso desta reunião da OTCA não pelos discursos, mas pela força e urgência dos compromissos vinculantes que forem adotados. Instamos Vossa Excelência a aproveitar este momento histórico para reafirmar a liderança da Colômbia na ação climática, promover acordos regionais ambiciosos e defender sem ambiguidades uma Amazônia livre da expansão de combustíveis fósseis”, diz o documento, assinado por dez parlamentares, incluindo os brasileiros Célia Xakriabá (deputada federal pelo PSOL-MG), Ivan Valente (deputado federal pelo PSOL-SP) e Lívia Duarte (deputada estadual no Pará pelo PSOL).

A V Cúpula da OTCA é a última grande reunião política amazônica antes da COP30. Do encontro é esperada uma posição conjunta dos oito países do bloco sobre os temas que serão discutidos em Belém, entre eles, a transição para o fim dos combustíveis fósseis.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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