A equipe da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB-IPÊ) acaba de finalizar mais uma expedição na Caatinga e volta para casa com uma boa notícia: duas populações deste que é o maior mamífero terrestre das Américas foram registradas no bioma, onde a espécie era considerada extinta.
Foram três anos consecutivos de expedições ao bioma – 2023, 2024 e 2025 – para que as populações fossem registradas em Minas Gerais, Bahia e Piauí. “A descoberta é um grande feito para a conservação dessa espécie ameaçada de extinção”, disse o INCAB em nota enviada a ((o))eco.
Segundo a Iniciativa, a equipe encontrou duas potenciais populações de antas no oeste da Bahia, duas no sul do Piauí e duas no norte de Minas Gerais. De acordo com as pesquisadoras que fizeram parte da expedição, os animais encontrados são residentes – e não indivíduos apenas de passagem pelo bioma.
As ameaças à espécie no bioma também foram identificadas: caça, fogo e crise climática. Com tais informações, a equipe prepara agora estratégias em prol da conservação do animal, incluindo o estabelecimento de membros da Iniciativa no bioma para entender a situação da anta na região e as melhores ações de conservação.

Recategorização
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) prepara para este ano a atualização da sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Os dados levantados pela INCAB-IPÊ não só na Caatinga, mas também na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal serão utilizados para determinar o status de conservação da espécie no Brasil e, segundo a Iniciativa, para retirar a anta da categoria “localmente extinta” no bioma Caatinga.
Além disso, também em 2025, será realizado o segundo ciclo do Plano de Ação Nacional (PAN) de Ungulados Ameaçados de Extinção, grupo que inclui a anta, porcos do mato e veados. As informações coletadas pela INCAB-IPÊ também serão utilizadas no estabelecimento das estratégias de conservação do PAN Ungulados.
“Uma extinção local, para qualquer espécie, é uma situação muito séria. Declínios populacionais e extinções locais apontam para o comprometimento do estado de conservação de uma dada espécie. Os dados coletados durante as nossas expedições em 2023, 2024 e 2025 trouxeram evidências robustas de que a anta não está extinta na Caatinga. Sabemos que devem ter ocorrido declínios populacionais importantes, mas tudo aponta para a anta nunca ter se extinguido de fato na região”, declara Patrícia Medici, coordenadora da INCAB-IPÊ.
- Título e texto alterados às 11h do dia 10/04, para correção de informações sobre populações encontradas. Informações ainda são preliminares e demandam maior estudo para determinação de número preciso.
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