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Publicado originalmente por Observatório do Clima
Relatório lançado nesta terça-feira (12/9) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com a Universidade de Yale e a Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC) apresenta um plano para descarbonização e redução do desperdício no setor de construção. A construção responde atualmente por 37% das emissões globais de gases de efeito estufa e, segundo o documento, é o setor mais difícil de ser descarbonizado.
O relatório “Materiais de construção e clima: construindo um novo futuro”, em tradução livre, apresenta um plano baseado em três pilares para reduzir as emissões de carbono e os impactos negativos da produção e uso dos materiais de construção como cimento, aço, alumínio, madeira e biomassa nos ecossistemas naturais.
O primeiro deles busca evitar o desperdício, reduzindo as construções através do reaproveitamento das estruturas e edifícios já existentes. O reaproveitamento emite de 50% a 75% menos gases-estufa do que novas construções, aponta o documento. Além disso, propõe-se construções mais eficientes, que usem menos materiais ou baseadas em materiais menos emissores e mais fáceis de serem reciclados ou reutilizados.
O segundo pilar é a transição para materiais de construção de origem natural como madeira, bambu e biomassa, extraídos de maneira ética e sustentável. A estimativa é que essa mudança – que demanda apoio de políticas públicas e financiamento, frisa o relatório – possa gerar uma redução de até 40% nas emissões em algumas regiões.
Por fim, o plano propõe aprimorar a descarbonização dos materiais de construção tradicionais que não podem ser substituídos. Esses esforços devem se direcionar prioritariamente para a produção de concreto, aço e alumínio, além de vidro e tijolos. Os três primeiros respondem, juntos, por 23% das emissões globais atualmente. O plano aponta a eletrificação da produção com fontes renováveis, o aumento do uso de materiais reciclados e a ampliação do uso de novas tecnologias não poluentes.
Segundo o Pnuma e instituições parceiras, o plano “evitar, mudar e aprimorar” precisa ser implementado levando em consideração condições climáticas locais e também aspectos culturais, inclusive buscando desmistificar a visão do senso comum de que concreto e aço são materiais “mais modernos” e preferíveis.
Sheila Aggarwal-Khan, diretora do setor de Indústria e Economia do Pnuma, destacou a “ilusão de durabilidade” desses materiais e seus custos climáticos: “Até recentemente, a maioria dos edifícios eram construídos usando materiais como solo, pedras, madeira e bambu locais. Materiais modernos como concreto e aço frequentemente oferecem apenas a ilusão de durabilidade, comumente sendo despejados em lixões e contribuindo para o agravamento da crise climática”, afirmou.
A descarbonização da matriz elétrica a nível global e o uso de energias renováveis já têm impactos na redução do carbono emitido no aquecimento, resfriamento e iluminação de prédios. A perspectiva é que as emissões geradas por essas atividades operacionais caiam entre 50% e 75% nas próximas décadas.
“Atingir as emissões líquidas zero no setor de construção até 2050 é possível desde que os governos implementem as políticas, incentivos e regulação necessárias para promover a transição da indústria”, completou Aggarwal-Khan.
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