![Gavião-real. Foto: João Marcos Rosa.](https://i0.wp.com/www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2016/02/Harpy_eagle_Foto-João-Marcos-Rosa-1024x683.jpg?resize=640%2C427)
Manaus, AM — Ao contrário de outras grandes aves de rapina e mamíferos, que após sofrerem grande redução populacional mantêm níveis de diversidade genética históricos, o gavião-real (Harpia harpyja), também conhecido como Harpia, está tendo uma perda considerável em sua diversidade, no sul da Amazônia e na Mata Atlântica. A conclusão é de um estudo liderado pelo biólogo Áureo Banhos, da Universidade Federal do Espírito Santo, publicado em fevereiro na revista científica on-line PLoS One.
Os estudos demonstraram que a diversidade genética dos gaviões-reais caiu entre 15% e 19% nas regiões do Arco do Desmatamento e na Mata Atlântica. “A diversidade genética é importante para manter o potencial evolutivo, além do potencial de reprodução e sobrevivência das espécies”, afirma Áureo Banhos. O biólogo acredita que essa perda de diversidade está relacionada a remoção e desaparecimento dos indivíduos mais velhos devido ao desmatamento, construção de hidrelétricas, estradas e caça.
Ele explica que grandes vertebrados, mesmo quando sofrem forte perda na população, mantêm a diversidade genética graças a permanência dos indivíduos mais velhos. Mas no caso do gavião-real, cujo intervalo entre as gerações é de 18,5 anos, estão sendo retirados da natureza justamente os indivíduos mais velhos.
‘É uma redução preocupante, porque se você pegar outros grandes vertebrados vai ver que isso não tem acontecido com eles. O rinoceronte africano, a águia-de-cauda-branca da Europa e a águia-dourada, da Grã-Bretanha, todos esses estudos apontam que não tem histórico de perda de diversidade genética”, afirma Áureo Banhos.
Os pesquisadores analisaram amostras históricas e atuais, de 1904 a 2008. E foram comparadas as informações mais antigas com registros obtidos a partir da década de 1970. Além de museus, foram obtidas amostras de aproximadamente 50 ninhos que eram acompanhados pelo Projeto Gavião-Real e também de criadouros, para onde vão animais apreendidos ou resgatados. “As penas são uma amostra não invasiva e podem ser pegas caídas em viveiros, nas bases dos ninhos ou até mesmo com escaladores que sobem até os ninhos”, conta Áureo Banhos.
O biólogo explica que não foram analisados dados históricos dos gaviões-reais do norte da Amazônia, região onde a floresta está mais bem preservada, pois as amostras estão disponíveis, principalmente, em museus estrangeiros. Mas destaca que a variedade da espécie nessa região que sofre menos com a perda de habitat é semelhante às registradas na Mata Atlântica e sul da Amazônia, antes do avanço do desmatamento.
Saiba Mais
Reduction of Genetic Diversity of the Harpy Eagle in Brazilian Tropical Forests.
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