Depois de inúmeras especulações, é real: Ricardo Aquino de Salles deixa o cargo de ministro do Meio Ambiente. A exoneração, a pedido, foi publicada na tarde desta quarta-feira (23) na edição extra do Diário Oficial da União. Conforme apuração do Jornal O Globo, Salles teria alegado “motivos familiares” para se afastar do cargo. Desde 2019, após inúmeros escândalos e resultados desastrosos, principalmente com o aumento de desmatamento na Amazônia, volta e meia o nome de Salles entrava nos boatos de que sairia. O presidente Bolsonaro sempre desmentiu. O desgaste aumentou após a operação Akuanduba, deflagrada pela Polícia Federal em maio por ordem do Supremo Tribunal Federal, que fez busca e apreensão em endereços ligados ao ministro e outras autoridades do Ministério do Meio Ambiente. Apesar disso, nas quase 5 semanas que se seguiram, Salles participou de eventos e foi em manifestação ao lado do presidente da República, dando toda aparência de que sua permanência no Ministério seguiria inabalável. O pedido de exoneração sair tão depressa, quase no mesmo momento do anúncio, pegou as pessoas de surpresa.
Quem assume no lugar é Joaquim Álvaro Pereira Leite, que chefiava a Secretaria de Amazônia e Serviços Ambientais, pasta criada pelo próprio Salles com a reestruturação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) promovida por ele em abril de 2020. Antes, Joaquim havia ocupado a diretoria do Departamento de Florestas, também dentro do MMA e também em nomeação feita por Salles, em julho de 2019.
Sem o foro privilegiado de ministro, cabe esperar como irão se desdobrar as duas investigações atualmente em curso contra Salles no STF ou mesmo se restará outro cargo no governo de Bolsonaro para garantir a instância privilegiada de julgamento a Salles.
Hipóteses sobre a saída
O anúncio sobre a demissão de Salles, antecipado pelo Jornal O Globo, saiu quase no mesmo horário da edição extra do Diário Oficial que sacramentou a exoneração, junto com a nomeação do novo ministro. Ambos os decretos, de exoneração e nomeação, estão sem número, apenas com a data, como uma evidência da pressa com que o documento foi produzido.
Nos bastidores e nas redes sociais circulam duas hipóteses principais sobre a saída às pressas de Salles do Ministério. A primeira, conforme apuração da Veja, aponta que a demissão de Ricardo Salles seria consequência do avanço das investigações contra o ministro, que teria produzido “uma leva de novas provas” que poderia atingir o presidente, Bolsonaro, que teria sido alertado sobre o risco.
A outra hipótese é de que a exoneração de Salles foi uma cortina de fumaça para o escândalo da compra superfaturada da Covaxin, vacina produzida na Índia, pelo governo que veio à tona recentemente e que pode respingar em Bolsonaro, já que a denúncia é de que o presidente estaria ciente do caso.
Na véspera de sua demissão, Bolsonaro elogiava Salles em evento, como se não houvesse expectativa da saída do mesmo. “Prezado Ricardo Salles, você faz parte dessa história. O casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi quase perfeito. Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar o seu ministério. Por vezes, a herança é apenas uma penca de processos. A gente lamenta como somos tratados por alguns poucos desse outro poder que é muito importante para todos nós”, disse Bolsonaro.
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Adeus Ricardo Salles, um tipo que não merecia o cargo que ocupou de Ministro do Meio Ambiente MMA. De tão bandido que é, o miliciano presidente da República Jair Bolsonaro o tinha como o filho que queria ter tido, não desmerecendo a periculosidade dos quatro monstrinhos da politicagem… a presença do prepotente Salles no MMA, como do radical Ernesto Araújo do MRE e do arrogante Weintraub da Educação me causavam nojo, agora falta o Bolsonaro, chefe da mafia negacionista, miliciano e corrupto cair, para o Brasil sair da escuridão e torcer para que uma luz surja no fim do túnel…
Através do FBOMS e do CONAMA tive a honra de conhecer pessoalmente vários ministros que nunca causaram nenhum desconforto no MMA, desde o José Goldemberg, Gustavo Krause, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Ming, Izabella Teixeira, José Sarney Filho e por último o Edson Duarte.
Já comentei lá atrás. Este $alles, pode jogar fora, já faz tempo.
Não esquecer de jogar uma pá de cal.
Duda cometeu uma barrigada enorme nessa notícia. Criticou a pressa dos decretos por estarem sem número, mas foi vítima do próprio veneno, já que decreto de nomeação não tem número mesmo.
P.S. Vamos ver se esse comentário passa na censura do Eco.
Olá Jurista,
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