Reportagens

2024 é o primeiro ano em que a temperatura média da Terra deve ultrapassar 1,5ºC

Acordo de Paris não está perdido, diz serviço climatológico europeu. Confira a galeria de imagens com os principais eventos extremos de 2024

Cristiane Prizibisczki ·
26 de dezembro de 2024

O serviço climatológico europeu Copernicus confirmou, no início de dezembro, 2024 como o ano mais quente já registrado desde o início de suas medições, em 1880, e quase certamente o primeiro em que a temperatura média do planeta vai ultrapassar o limite de 1,5ºC, previsto no Acordo de Paris.

Em novembro de 2024 a temperatura média global ficou 1,62ºC acima dos níveis pré-industriais. O mês foi o 16º consecutivo no qual a temperatura da Terra excedeu 1,5ºC de aumento. A exceção foi julho de 2024, quando os termômetros, por pouco (1,48ºC), não atingiram o limite previsto pela ciência para que os impactos climáticos fiquem mais graves e a adaptação a eles, mais cara.

As consequências desse aumento são sentidas em todo o mundo, num prelúdio do que está por vir, se as nações ao redor do globo não tomarem medidas efetivas e rápidas para eliminar a maior fonte de aquecimento: as emissões de gases de efeito estufa.

Por enquanto, não há indicativos de que a ultrapassagem de 1,5ºC seja permanente e, portanto, o Acordo de Paris esteja perdido. Mas, como afirmou Samantha Burgess, diretora-adjunta do Copernicus, ao divulgar os últimos dados do serviço europeu, “uma ação climática ambiciosa é mais urgente do que nunca”.

Confira abaixo os principais eventos extremos registrados em 2024 ao redor do globo:

JANEIRO

Chuvas recordes em janeiro, com episódios de alagamentos e deslizamentos, colocaram a cidade do Rio de Janeiro em alerta. Minas Gerais, Bahia e Pará também registraram índices pluviométricos acima da média. Na foto, alagamento em Duque de Caxias, na baixada fluminense, provocado pelas fortes chuvas que atingiram a cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana. Ao menos 10 pessoas morreram neste episódio. Crédito – Folhapress/Folhapress

Foto: Eduardo Anizelli / Folhapress

FEVEREIRO

Incêndios florestais mortíferos atingem a região de Valparaíso, Chile, causando quase 140 mortes. Os incêndios registrados este ano em território chileno foram considerados os mais letais da história do país. Na foto, uma pessoa se desespera ao ver a casa queimada como consequência do fogo sem controle em Valparaíso.

Foto: Rodrigo Garrido / REUTERS

MARÇO

Ondas de calor têm início no hemisfério norte, com temperaturas recordes ao longo dos próximos quatro meses. Termômetros chegaram a marcar 47 °C em Chipre, 44 °C na Itália e 45 °C em Portugal. Segundo o Sistema Meteorológico Europeu Copernicus, o verão de 2024 na Europa foi o mais quente já registrado. Na foto, pessoas se refrescam em fonte na cidade de Londres.

Foto: Climate Book

ABRIL – MAIO

Chuvas intensas têm início no Rio Grande do Sul, no final de abril. Ao todo, 478 municípios gaúchos foram atingidos por inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra entre final de abril e o mês de maio. Mais de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas. Cerca de 180 pessoas morreram e, até agosto, 27 pessoas ainda seguiam desaparecidas. Os prejuízos foram calculados em R$ 4,6 bilhões. Na foto: Bairro de Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre

Foto: Evandro Leal / Agência Enquadrar / Folhapress

MAIO

Onda de calor atinge o México, com temperaturas acima de 45 °C no estado de Tabasco, afetando também o sul dos Estados Unidos. Uma combinação de fatores, incluindo o calor, a seca, os incêndios florestais e a dificuldade de animais encontrarem água, fez com que ao menos 150 bugios caíssem mortos das árvores em Tabasco.

Foto: Cepha / WikiCommons / CC4.0

JUNHO

Brasil enfrenta sua maior estiagem em 75 anos. No primeiro semestre de 2024, seca atingiu 69% dos municípios da Amazônia. A estiagem seguiu severa no segundo semestre. Na foto, tirada no início de setembro, ribeirinhos atravessam o leito seco de um braço do rio Solimões em frente a comunidade indígena Porto Praia, município de Tefé.

FotoLalo de Almeida / Folhapress.

JULHO

No hemisfério norte, Furacão Beryl é registrado como primeiro grande furacão da temporada 2024 do Atlântico. Ventos chegaram a 270 km/hora. Cerca de 60 pessoas morreram e prejuízos atingiram USD 5 bilhões. Na foto, homem verifica um veículo danificado após inundações devastadoras que varreram a cidade após a passagem do furacão Beryl na costa venezuelana, em Cumanacoa, Venezuela, em 2 de julho de 2024.

Foto: Samir Aponte / REUTERS

AGOSTO

Grandes inundações e deslizamentos de terra provocados pelas chuvas que atingiram o Nepal entre início de agosto e início de outubro causaram ao menos 200 mortes. Na foto, Tila Kumari Humagain, 70 anos, chora ao ser fotografada enquanto pede ajuda em frente à sua casa desabada, que foi varrida pela enchente mortal após fortes chuvas, na vila de Bhumidanda, no município de Panauti, em Kavre, Nepal, 1º de outubro de 2024.

Foto: Navesh Chitrakar / REUTERS

SETEMBRO

As inundações registradas em setembro na África Ocidental e Central afetaram mais de quatro milhões de pessoas em 14 países, incluindo mais de um milhão na Nigéria. Outros países afetados incluem Camarões, Chade, Gana, Libéria, Mali e Níger. Ao menos mil pessoas morreram na estação das chuvas e quase um milhão de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas. Na foto, evacuação de vítimas de enchentes pela equipe de resposta a emergências da Agência Nacional de Gestão de Emergências (NEMA) da Nigéria, em 12 de setembro de 2024

Foto: NEMA Nigéria

SETEMBRO

Nos EUA, furacão Helene, de categoria 4 (ventos de até 225 km/h) atingiu o sudoeste do país, causando ao menos 230 mortes e danos de cerca de USD 90 bilhões. Imagem de drone mostra área danificada após passagem do Helene na Carolina do Norte, no dia 29 de setembro.

Foto: Marco Bello / REUTERS

OUTUBRO

Chuvas intensas em Valência, Espanha, resultam em mais de 200 mortes. Em apenas oito horas, choveu o esperado para 20 meses. Na foto, bombeiros bombeiam a água da enchente de um túnel onde os veículos estão empilhados, após fortes chuvas em Alfafar, em Valência, Espanha.

Foto: Susana Vera / REUTERS

OUTUBRO

Furacão Milton, o segundo mais intenso já registrado sobre o Golfo do México, atinge sudeste dos Estados Unidos, menos de duas semanas após o furacão Helene ter devastado parte do país. Velocidade dos ventos chegaram a 285 km/h. Antes de atingir a costa, meteorologistas consideravam inaugurar uma nova categoria do poder destrutivo, a de número 6, com ventos superiores a 307km/h. Cuba também foi afetada. Na foto, casas destruídas pela passagem do Milton na praia de São Pete, Flórida.

Foto: Elizabeth Frantz / REUTERS

NOVEMBRO

Novembro de 2024 foi o segundo mês mais quente já registrado, com temperaturas globais significativamente acima da média histórica. Na foto, protesto realizado por membros da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) nas águas da Baía de Botafogo, antes da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, Brasil, 16 de novembro de 2024.

Foto: Tuane Fernandes / REUTERS

DEZEMBRO

Ciclone Chido deixa rastro de mortes na ilha francesa de Mayotte, no Oceano Índico, no dia 15 de dezembro. Número de fatalidades ainda está sendo contabilizado, mas governo local fala em milhares de vítimas. O ciclone registrou rajadas de ventos superiores a 220 km/h e foi o mais intenso a atingir a costa leste da África em mais de 90 anos. Na foto, menino carrega uma telha na praia após o ciclone, em Passamainty, Mayotte, França, 20 de dezembro de 2024.

Foto: Gonzalo Fuentes / REUTERS

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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