Reportagens

Pouco para o planeta

ONU recebe compromissos insuficientes dos 70 países que comunicaram ações para reduzir emissão de gases até 2020. E divulga novas recomendações para o futuro do clima.

Redação ((o))eco ·
23 de fevereiro de 2010 · 15 anos atrás

A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas divulgou ontem que até agora 70 países, responsáveis por 80% de todas as emissões globais de gás carbônico, já informaram ações e metas até 2020 para diminuírem sua contribuição para o aquecimento do planeta. Ainda faltam aderir outros 120 países membros da convenção. Os compromissos anunciados até o momento representam uma redução de 11 a 19% dos gases de efeito estufa com base nas emissões de 1990. Para as tempertauras subirem no máximo 2ºC, o corte deveria ser de 40 a 45%.

Essa falta de ambição foi evidenciada em um estudo feito pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP, na sigla em inglês), divulgado hoje em Bali, na Indonésia. Com base nos 60 primeiros compromissos enviados pelos países, uma pesquisa foi feita com modelos em nove centros de estudos em mudanças climáticas pelo mundo.

Todos os especialistas recomendaram firmemente que as emissões globais de gases de efeito estufa não deveriam ficar acima de 48.3 gigatoneladas de carbono equivalente (GT CO2e) em 2020, e o pico de poluição precisaria acontecer entre 2015 e 2021. Depois disso, as emissões deveriam cair não apenas em termos relativos, mas absolutos.

Isso significa que entre 2020 e 2050, as emissões globais precisam baixar entre 48 e 72%, indicando que o corte de gases seria de 3% por ano nos próximos 30 anos. No acordo firmado em Copenhague, em dezembro passado, a simples menção a um corte desejável de emissões da ordem de 50% até 2050 foi excluída do texto final.

Pelo que foi anunciado até agora pelos países, a concentração de carbono equivalente será de no mínimo 48.8 GT e de no máximo 51.2 GT dependendo do grau de cumprimento das ações. Portanto, já insufciente, mesmo para o melhor dos cenários.

A UNEP reitera que certas ações podem acelerar e aprimorar o grau de comprometimento dos países, e isso tem tudo a ver com iniciativas de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação, através de mecanismos de REDD que garantam a proteção da biodiversidade e combate à pobreza, como consequencias imediatas. O custo dessa operação é estimado entre 22 e 29 bilhões de dólares em iniciativas de REDD pelo mundo, o que seria bastante para baixar os índices de desmatamento em 25% já em 2015.

Investimentos em energias renováveis, e governança são citados no estudo como outras ações que poderiam apresentar resultados no curtíssimo prazo.

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.