A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas divulgou ontem que até agora 70 países, responsáveis por 80% de todas as emissões globais de gás carbônico, já informaram ações e metas até 2020 para diminuírem sua contribuição para o aquecimento do planeta. Ainda faltam aderir outros 120 países membros da convenção. Os compromissos anunciados até o momento representam uma redução de 11 a 19% dos gases de efeito estufa com base nas emissões de 1990. Para as tempertauras subirem no máximo 2ºC, o corte deveria ser de 40 a 45%.
Essa falta de ambição foi evidenciada em um estudo feito pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP, na sigla em inglês), divulgado hoje em Bali, na Indonésia. Com base nos 60 primeiros compromissos enviados pelos países, uma pesquisa foi feita com modelos em nove centros de estudos em mudanças climáticas pelo mundo.
Todos os especialistas recomendaram firmemente que as emissões globais de gases de efeito estufa não deveriam ficar acima de 48.3 gigatoneladas de carbono equivalente (GT CO2e) em 2020, e o pico de poluição precisaria acontecer entre 2015 e 2021. Depois disso, as emissões deveriam cair não apenas em termos relativos, mas absolutos.
Isso significa que entre 2020 e 2050, as emissões globais precisam baixar entre 48 e 72%, indicando que o corte de gases seria de 3% por ano nos próximos 30 anos. No acordo firmado em Copenhague, em dezembro passado, a simples menção a um corte desejável de emissões da ordem de 50% até 2050 foi excluída do texto final.
Pelo que foi anunciado até agora pelos países, a concentração de carbono equivalente será de no mínimo 48.8 GT e de no máximo 51.2 GT dependendo do grau de cumprimento das ações. Portanto, já insufciente, mesmo para o melhor dos cenários.
A UNEP reitera que certas ações podem acelerar e aprimorar o grau de comprometimento dos países, e isso tem tudo a ver com iniciativas de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação, através de mecanismos de REDD que garantam a proteção da biodiversidade e combate à pobreza, como consequencias imediatas. O custo dessa operação é estimado entre 22 e 29 bilhões de dólares em iniciativas de REDD pelo mundo, o que seria bastante para baixar os índices de desmatamento em 25% já em 2015.
Investimentos em energias renováveis, e governança são citados no estudo como outras ações que poderiam apresentar resultados no curtíssimo prazo.
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