São Paulo – É sempre bom e bem razoável dar uma olhada no que os nossos antepassados faziam com suas casas para viver com conforto climático. Eles escolhiam o lugar onde construir a moradia por estar voltado para o sol. Construíam varandas com telhados largos para dar sombra e evitar a entrada de calor na casa. Usavam um chão duplo para isolar o piso da terra. Faziam o pé direito dos tetos bem alto para não abafar o ambiente em dias de calor. Todas essas soluções de antigamente podem estar longe da realidade atual, pois temos mais restrições de espaço e vantagens tecnológicas à disposição. Mesmo assim, é possível pensar em soluções para climatizar os ambientes sem gastar muito dinheiro e energia.
“Em primeiro lugar, deve-se investir em materiais e formas de aplicação, para melhorar a qualidade de vida e o conforto ambiental interno”, orienta Christoph Keutmann, consultor sobre energias renováveis. “Um investimento nesse momento inicial rende lucros por toda a vida útil da construção. Quer dizer: antes de investir em equipamentos para resfriar o ambiente das salas, devemos nos questionar sobre o que podemos fazer para reduzir a captação e a entrada de calor. O mesmo é válido para o contrário, caso tenhamos que aquecer a casa. O isolamento das paredes, do teto e das janelas são meios simples de manter o calor onde se deseja mantê-lo: ou dentro ou fora.” ((o))eco selecionou algumas dicas para economizar energia dentro de casa de modo simples.
Aquecedor solar de baixo custo
Ter água quentinha em casa, no chuveiro, sem pagar energia elétrica para isso? Bem-vindo à casa ecológica do futuro… ou melhor, do presente. “Atualmente já vale muito a pena usar energia solar para aquecer água dentro de casa. Essa é a solução de energia ecológica mais acessível nos dias de hoje”, afirma Douglas Messina, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Segundo ele, diversos projetos de casas populares, Brasil afora, já utilizam sistemas como esses. O próprio IPT tem participado de projetos para avaliar o uso de energia solar no aquecimento de água. “Até para descobrir quais cuidados o usuário deve ter para a utilização desse tipo de tecnologia”, explica Douglas. Até agora, a economia de energia, em torno de 20% a 30%, tem compensado os esforços.
Esse sistema usa o calor do sol acumulado para aquecer a água. Ele requer um coletor solar e um reservatório de água quente. A ONG Sociedade do Sol ensina o consumidor a construir um aquecedor solar a baixo custo, por cerca de R$ 100, e praticamente não há restrições: todas as residências comportam essa solução de energia. Para conferir um passo a passo, acesse http://www.sociedadedosol.org.br/asbc/asbc_online.htm.
Troca de lâmpadas e mais janelas
As lâmpadas fluorescentes custam um pouco mais que as outras, mas a economia de energia compensa – e a duração também, já que uma lâmpada branca costuma durar mais de seis anos. Um guia com dicas sobre economia de energia produzido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lembra que utilizar lâmpadas fluorescentes em ambientes que necessitam de maior iluminação significa boa economia: uma lâmpada fluorescente de 20 watts ilumina mais que uma incandescente de 100 watts.
Mas não é só isso. Se o ambiente for pintado com cores claras, a iluminação também será melhor. O guia ainda sugere que o número de janelas da casa pode ser aumentado. “Estude a possibilidade de abrir novas janelas em pontos estratégicos da casa. Por desinformação das pessoas na hora de construir, acabamos por perder grandes oportunidades de aproveitar a energia do sol, que é de graça. Isso vale também para novos projetos.” Com mais janelas, serão necessários menos ventiladores ou ar condicionado ligado por menos tempo para manter a residência com uma temperatura agradável.
Telhado pintado
Passar tinta branca no telhado também é uma boa alternativa para economizar energia em casa. Esse tipo de solução tem por princípio refletir a luz solar ao máximo, impedindo a entrada de calor e economizando, assim, o que seria gasto com ar condicionado. Outra solução é a construção dos chamados telhados verdes, em que pequenos jardins são implantados no telhado. Essa ideia sai um pouco mais cara, mas é mais interessante que apenas pintar de branco. Nesse caso, o jardim ajuda a isolar a residência do ambiente externo, evitando tanto a entrada de calor no verão quanto a saída de calor no inverno. Assim, economiza-se também com aquecedores. Leia mais na reportagem “A onda dos telhados verdes”.
Soluções de energia usadas no exterior
Energia eólica Recentemente, Pernambuco foi palco de inaugurações de empreendimentos de energia eólica – bancados, claro, por quem tem muito mais poder econômico que o usuário residencial. Leia a reportagem Na Alemanha, país que tem incentivado o uso de energia eólica, a situação é diferente. Lá, os geradores de pequeno porte (para serem instalados pelo usuário em sua residência) são vendidos em lojas de departamento e existe um programa governamental para dar incentivo fiscal para o consumidor que instala esse tipo de aparelho. “Como nesse país há problemas de energia, os usuários têm muito subsídio e o governo faz sua parte, há legislação específica”, ressalta Douglas. Por aqui, o pesquisador acredita que se houvesse legislação que atraísse o consumidor final e lhe rendesse vantagens econômicas, algo poderia mudar. Geradores movidos a gás natural De acordo com o pesquisador do IPT, o instituto está tentando desenvolver esse tipo de tecnologia por aqui, mas seria uma solução para construções de grande porte, não para as residências. “Lá fora já existe esse sistema, mas nem sempre o que vemos no exterior é bom para nós. Temos que tentar desenvolver equipamentos que sejam aplicáveis aqui e que levem em consideração nosso sistema de abastecimento de água, nosso clima, nosso sistema elétrico”, explica. Painéis fotovoltaicos Essa energia é interessantíssima, mas proporcionalmente cara. “Ela se presta perfeitamente para providenciar energia elétrica a lares deslocados da rede elétrica, mas o custo do kWh (quilowatt-hora) é muito alto”, afirma Christoph. Para Douglas, do IPT, boa parte desse custo é consequência de ainda não termos essa tecnologia sendo produzida no país. “Todos os equipamentos precisam ser importados, então o custo ainda é elevado. Mas estamos tentando construir as placas fotovoltaicas por aqui”, assegura. Uma alternativa às placas fotovoltaicas fixas já foi criada por pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), mas seu custo ainda é mais caro que o das placas convencionais. Leia a reportagem aqui. |
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