Conforme noticiado pelo OEco, o objetivo da expedição foi buscar cem espécies de anfíbios (entre sapos, salamandras, perereca e cecílias) que não eram vistos há pelo menos duas décadas. Depois de percorrer 21 países em 5 continentes e mobilizar 126 pesquisadores, a busca pelos sapos perdidos chega parcialmente ao fim, já que na Índia a iniciativa continuará até o fim do ano.
Foram reencontradas 15 espécies: 4 destas constavam na lista inicial e as outras 11 apesar de não estar na lista inicial também não eram vistas havia duas décadas. Três novas espécies ainda não documentadas foram encontradas na Colômbia. No Brasil, a rãzinha-das-pedras da Mata Atlântica Cycloramphus valae continua desaparecida, em compensação, após quase dez anos sem ser observado, o sapo Thoropi saxatilis foi reencontrado pela expedição brasileira.
Os números parecem modestos, mas servem como um aviso: os anfíbios são muito sensíveis aos desequilíbrios ambientais e seu desaparecimento é um alerta para a velocidade das mudanças, inclusive climáticas. 30% de espécies ameaçadas de extinção são anfíbios, o que os coloca no topo da lista como os vertebrados mais ameaçados do planeta.
Espécies redescobertas
Campanha na Índia
Cinco espécies foram redescobertas como parte da campanha “Perdidos! Anfíbios da Índia”, coordenada pela Universidade de Delhi, pela Conservação Global da Vida Selvagem, pelo Museu de História Natural, A V College, Grupo de Especialista de Anfíbios e CI. Espera-se que a campanha continue até o final de 2011.
Sapo Raorchestes chalazodes, visto pela última vez em 1874. Esse sapo, de um impressionante verde fluorescente, possui coxas azuis-cinzentas e pupilas pretas com manchas douradas (traços extremamente incomuns entre anfíbios) tem uma vida reservada, possivelmente dentro dos bambus durante o dia. Considera-se que as espécies não têm um estágio de girino de nado livre, mas completam o desenvolvimento dentro do ovo. Redescoberto por Ganesan R, Seshadri KS e SD Biju. Está na lista da IUCN como Criticamente Ameaçada de Extinção.
Sapo Ramanella anamalaiensis redescoberto após 73 anos. Um sapo com boca estreita, cujo nome foi inspirado nas colinas Anamalai ao sul do Ghats Ocidental, onde foi descoberto (e visto pela última vez) em 1937. Tem pintas amarelas na parte superior e pintas brancas espalhadas na parte inferior. O exemplar original se perdeu e não houve nenhuma informação confirmada sobre a espécie até sua redescoberta por SP Vijayakumar, Anil Zachariah, David Raju, Sachin Rai e SD Biju. Durante as monções, o sapo canta alto nas áreas pantanosas, mas se esconde no resto do ano embaixo de pedras e troncos no chão da floresta ou em buracos nas árvores. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.
Sapo Amolops chakrataensis, conhecido apenas pela descrição original de um exemplar em 1985. É caracterizado por uma cor verde clara no dorso com minúsculos pontos escuros. O sapo parece ser raro e requer proteção do seu hábitat para garantir sua sobrevivência. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.
Sapo Micrixalus thampii, visto pela última vez há 30 anos e redescoberto em uma lata de lixo em Silent Vallery em uma expedição científica após o início da campanha LAI em Delhi. A equipe observou ainda vários outros indivíduos próximos a um riacho sob a liteira, em coberturas florestais fechadas na bacia do rio Kunthi. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.
Sapo Micrixalus elegans, conhecido apenas pela descrição original baseada em uma coleta de 1937. O exemplar original foi perdido e a espécie não havia mais sido detectada até sua redescoberta depois de 73 anos por KV Gururaja, KP Dinesh e SD Biju no leito de um riacho da floresta na área de coleta original. O sapo vive em riachos de florestas e canta na beira dos rios onde provavelmente procria. Consta da lista da IUCN como deficiente em dados.
Outras surpresas
No Haiti, seis espécies “perdidas” foram redescobertas. Elas não estavam na lista inicial das cem e foram encontradas durante as buscas pelas outras espécies. Não havia informações de que haviam sido vistas nas últimas duas décadas.
Novas descobertas
Na Colômbia, não foi redescoberta nenhuma espécie, mas três espécies possivelmente novas para a ciência foram documentadas (anunciadas em novembro de 2010).
Os 21 países visitados durante a expedição Busca pelos Sapos Perdidos foram África do Sul, Austrália, Brasil, Camarões, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Haiti, Índia e Indonésia, além de Costa do Marfim, Libéria, Malásia, México, República Democrática do Congo, Ruanda, Togo, Venezuela e Zimbábue. Mais informações podem ser encontrados no site www.conservation.org/lostfrogs. (Daniele Bragança)
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