A Vila Alencar é outra comunidade ribeirinha do município de Uarini, onde os seus 131 moradores (25 famílias) conhecem bem os efeitos da carência de fornecimento de energia elétrica. Como se não bastasse enfrentar a escuridão, o abastecimento de água também ficava comprometido, o que levava as famílias à dependência direta dos rios da redondeza. Na época de seca nessa região de várzea, fortemente influenciada pela sazonalidade de chuvas, as longas caminhadas em busca de água para cozinhar e cuidar das tarefas domésticas deixavam adultos e crianças exaustos. Não por acaso, o sistema de bombeamento de água movido à energia solar, recentemente instalado, foi tão comemorado pelos moradores.
A iniciativa da Vila Alencar é parte do Programa Qualidade de Vida, do Instituto Mamirauá, que já instalou 12 sistemas semelhantes em comunidades ribeirinhas das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, beneficiando cerca de 1.000 moradores. Os painéis fotovoltaicos são instalados em uma base de madeira flutuante que pode ser deslocada dentro do rio que abastece a localidade. A distribuição ao reservatório comunitário ocorre após pré-tratamento da água. O alcance do projeto foi reconhecido pelo Prêmio Finep de Inovação 2012, onde foi vencedor na categoria Tecnologias Sociais, inicialmente em nível regional e, depois, na etapa nacional).
A perspectiva de melhoria da qualidade de vida trazida pela inovação no abastecimento de água animou Arissônio e Liziane Carvalho. Criados na Vila Alencar e pais de três filhos, ambos conhecem bem a dura rotina da falta de água. “Carregar água na cabeça não é brincadeira. Eu posso dizer por experiência própria, pois comecei nessa luta desde menina”, diz ela.
Ednelza Martins da Silva, moradora da Vila do Alencar há 40 anos, também comemora o funcionamento do sistema. Ela desabafa: “A solução chega em boa hora. Aqui as famílias adoecem porque bebem água do rio sem tratamento. Mas a falta de energia causa outros problemas como os anos perdidos pelas crianças porque as escolas não funcionam bem.”
A pesca ainda continua prejudicada pela falta de energia, embora seja uma atividade econômica fundamental na Amazônia e a principal fonte de proteína na alimentação das comunidades ribeirinhas. Por falta de refrigeração, o casal Carvalho ainda precisa salgar o pescado para conservá-lo.
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