O dia era 22 de abril de 1500 quando Pedro Álvares Cabral e suas caravelas desembarcaram no que seria mais tarde o Brasil. De longe, os navegadores portugueses avistaram uma porção de terra encravada numa densa mata verde: era o Monte Pascoal, com seus mais de 500 metros de altura. Hoje, ele está dentro de um Parque Nacional que leva seu nome, no sul da Bahia, cuja área verde é uma fração da original, em decorrência de intensa degradação.
Considerada uma área prioritária para a conservação (hotspot) dentro da Mata Atlântica, esta Unidade de Conservação é rodeada de terras improdutivas, mas prospera graças à restauração florestal realizada por indígenas, apoiados por organizações ambientais.
“Entre os que ocupam a terra, os indígenas são os maiores cuidadores de florestas que nós temos”, afirmou a ((o))eco Paulo Dimas Menezes, integrante do grupo ambiental Natureza Bela, associação fundada em 2001 com sede no município baiano de Itabela, a cerca de 50 km de Porto Seguro, no sul do estado.
A região foi ocupada inicialmente pelos tupinambás e, a partir do século XVI, pelos pataxós. O Parque Nacional Monte Pascoal, criado em 1961, está em boa parte rodeado por aldeias pataxós que ficam nas Terras Indígenas Barra Velha e Águas Belas.
Pioneiros na restauração
Na década de 80, ao perceberem que a caça e a pesca escasseava, sob a liderança do pajé Manoel Santana, hoje com 90 anos, os Pataxós decidiram se dedicar à atividade de restaurar a paisagem florestal.
Antes mesmo de saber exatamente o que isso significava, os pataxós estiveram entre os pioneiros na iniciativa de restauração de áreas degradadas no país, pois perceberam a crescente escassez de recursos dos quais dependiam.
“Essa região é importante para nós. A gente briga contra o desmatamento e contra quem caça. Estamos reflorestando. Desde os anos 80, meu pai já vem trabalhando e, antes, era sem apoio nenhum”, disse Alfredo Santana Pataxó, 46 anos de idade, e há 26 cacique da aldeia Boca da Mata, onde vivem 175 famílias.
Alfredo é filho de Manoel Santana e desde pequeno viu o exemplo de seu pai na iniciativa que cresceu e conquistou mais adeptos pataxós. Hoje, ele preside o conselho de caciques da região de Barra Velha.
O líder conversou com ((o))eco quando esteve pela primeira vez no Rio de Janeiro. Ele e um colega pataxó acompanharam Paulo Menezes no encontro promovido pelo BNDES que reuniu projetos apoiados pela iniciativa Mata Atlântica e pela Linha Florestal Mata Atlântica, nos últimos dias 21 e 22 de novembro.
Antes acusados de retirar madeira da floresta para fazer artesanato, os indígenas vivem um processo de transição em que abandonam a extração de madeira nativa e passam a ser os restauradores oficiais de floresta.
“Enquanto os proprietários rurais em volta desmataram tudo e, em 45 anos, retiraram 90% da floresta, os índios são os povos da floresta. Hoje só há fragmento florestal onde tem aldeia indígena perto”, disse Menezes.
A TI dos Pataxós tem como vizinhos uma grande empresa de celulose, fazendeiros de gado, proprietários de extensas áreas de cultivo de mamão e cafeicultores.
“A gente planta árvores nativas da floresta para conservar. A gente vive no entorno do restinho de floresta que existe, lutando para sobreviver e cuidando. Se não fossemos nós, o resto de floresta já teria ido embora. A gente está brigando com unhas e dentes para não deixar acabar”, lamenta Alvair Silva Pataxó, 38 anos, e cacique da aldeia Cassiana, onde vivem 50 famílias, vizinha à Boca da Mata na TI Barra Velha. “Devido à devastação da floresta, a tendência é acabar a caça, os peixes e as águas. Já não tem mais aquela convivência com a natureza como há 30 anos”, relembra Alvair.
Parceria para o corredor
Até bem pouco tempo, os pataxós acharam que eram os únicos preocupados com o bioma. Há cerca de três anos eles se juntaram à Natureza Bela para um ambicioso projeto de corredor florestal.
A meta é restaurar 800 hectares nos 40 km que dividem os Parques Nacionais Monte Pascoal e o Pau-Brasil, o último criado em 1999, e que concentra um dos maiores reservatórios desta árvore. Os dois parques são patrimônio nacional, tombados pela UNESCO como Sítio do Patrimônio Mundial e fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A região é tida ainda como Patrimônio Mundial Natural do Descobrimento.
Um corredor florestal não é apenas floresta, envolve um conceito de mosaico do uso do solo, afirmou Paulo Menezes. “A restauração entre os dois parques permite que espécies que vivem isoladas em um parque possam cruzar para o outro, o que aumenta a chance de preservação dessas espécies. Os parques estão na área de maior concentração de espécies endêmicas ameaçadas da Mata Atlântica. É um hotspot mundial”.
A meta do grupo ambiental é concluir o corredor florestal em dois anos. Muitas das áreas estão improdutivas e abandonadas, explica Menezes. Cada processo de restauração tem características locais diferenciadas. “Lá tem alta regeneração. Apesar de estar degradada por incêndios, a área tem alta resiliência”, disse.
Os custos da regeneração não são baixos, entres eles o custo intensivo de mão de obra. Estima-se que sejam necessários cerca de R$ 20 milhões para todo o corredor. O BNDES financiou R$ 3,1 milhões para a restauração de 220 hectares.
“Com exceção dos povos indígenas, parece que a sociedade brasileira ainda não colocou as florestas como prioridade. Eles são os únicos que falam de florestas e nós, os ambientalistas, somos minoria”, disse Menezes. Na sua opinião, falta uma política de Estado e uma estratégia nacional com diretrizes claras para a restauração. “Mas na ausência dela, vamos fazer de qualquer jeito. Se o Estado não fizer, nós vamos fazer”.
Fonte de renda
Antes, o trabalho era voluntário, hoje já existem 55 famílias pataxós que vivem da restauração florestal e retiram dela seu sustento. Este projeto do corredor florestal facilitou a criação da cooperativa indígena COOPLANJE, que participa ativamente no plantio.
No último plano de gestão territorial, elaborado em 2012, os pataxós estabeleceram metas e tarefas, entre as quais reflorestar as áreas degradadas, criar mudas nativas através de viveiros, formar mais agentes e fiscais indígenas. Outros objetivos incluem preservar as nascentes, recuperá-las com mudas nativas, ajudar o trabalho da Funai e do ICMBio na fiscalização contra o desmatamento e promover a educação ambiental.
Os indígenas querem dar atenção especial aos mangues e estabelecer uma vigilância que iniba que visitantes joguem lixo nessas áreas. Também querem proibir a retirada de fêmeas de caranguejo e guaiamum na época da desova.
Para a produção de artesanato, os pataxós se comprometeram a não extrair madeira nativa e usar outras matérias-primas como fibra de piaçava, de coco, sementes e madeira morta.
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em 1500 chegaram os portugueses, formando assim o BRASIL…eles começaram a construir cidades e mais cidades, de lá pra cá dados de 2013 são 200,4 milhões…. é claro que importamos pessoas que não nasceram aqui, nos abrigamos muitos e muitos estrangeiros. nosso pais tem 27 unidades federativas e aproximadamente 5561 municípios…e esse milhares de pessoas não param de construir casas e prédios e precisam se alimentar, e a cada dia surge mais e mais fazendas para abastecer esse povo e também não param de consumir energia, por isso não param de ser construídas mais hidrelétricas, destruindo nossa fauna e flora….ah! e só lembrando que onde tem esses montes de prédios, casas, fazendas, hidrelétricas eram florestas… e os índios foram quem destruíram nossas matas e acabou com nossa fauna flora…e tem pessoas que criticam a atitudes dos indígenas de replantarem e os outras milhões de pessoas que destruíram e destroem todos os dias nossas florestam estão fazendo o mesmo que eles, "REFLORESTANDO"????
Filinto parece que não leu o texto do Senhor Orlando. Um dos dados é justamente essa explosão demográfica de indígenas na T.I Barra Velha muito superior a média nacional, na verdade absurdamente superior, o que leva a crer que ocorreu migração sim de pessoas que não residiam no local e passaram a se auto identificar como indígenas. Eles não só detonam a área deles como invadem a área do Parque Nacional onde não existe T.I demarcada e promovem verdadeiros absurdos. Esse papo de verdadeiros donos é algo discutível. Afinal os fósseis mais antigos descobertos no Brasil tem mais similiaridade com os africanos do que com os asiáticos, o que provavelmente ocorreu é que numa 2º leva de migração humana para as Américas quando chegou os povos de origem asiáticas erradicaram os primeiros povos. E estamos em 2016 temos que buscar a justiça hj e não ficar usando eternamente o passado como justificativa para cometer crimes ambientais e se colocarem no papel de vítimas. Existem falta de apoio institucional e melhor acompanhamento nas aldeias, com certeza, mas isso não justifica as prática de crimes e na verdade existem muitos casos de lideranças que exploram os próprios índios e no Monte Pascoal não é diferente, muitos são pagos com cesta básica e poucos de fato ganham com a atividade. Agora vamos jogar a destruição por baixo do pano , reverenciar um projeto que não tá dando certo, pra saber as áreas reflorestadas foram queimadas, adivinha por quem? Na boa cada vez mais essas notícias chegam ao brasileiro comum que tende sempre a colocar o indio como vítima e essa máscara está caindo, vai chegar o momento que não vai restar apoio nenhum, nem mesmo quando for uma solicitação justa, devido a esse mau uso da condição especial dada pela constituição para se valer de práticas criminosas e sair impune.
pra que mentiras não se propaguem segue o texto extraído de http://ref.scielo.org/vnk8z3
"Os Pataxó, é importante observar, têm a sua presença registrada entre o Rio de Porto Seguro e a margem norte do São Mateus, no atual estado do Espírito Santo, desde o século XVII (Vasconcelos, 1864), ao passo que o seu estabelecimento no entorno do Monte Pascoal é referido por Luis dos Santos Vilhena, na segunda metade do século XVIII, ao assinalar a necessidade de conservação e aumento da Vila do Prado..
hoje temos que buscar as soluções dentro do problema e não critica-los, como o senhor Orlando Paikan, narra na sue comentário acima descrito. Sou a favor da sobrevivência da raças indigenas e nas implantações dos projetos desenvolvidos pelos os mesmos, o nosso Brasil ainda não aprendeu a valorizar os seus verdadeiros donos, que até hoje tem suas terras roubadas ou confiscadas. Por causa do desenvolvimento urbano que crescem mais rápido do que os indios. Quero convidar todas as tribos do nosso Brasil, para dar apoios aos parentes de Vitória da Conquista – Bahia, na restauração das aldeias que existia na região, temos que agir em pro da nossa mãe natureza, estamos desenvolvendo um projeto para mata e para a serra perepiri, como recuperação de toda mata do poço escuro e buscando parcerias com orgãos , que possa contribuir para este projeto seguir enfrente. Conto a sociedade dos parentes para realizar a restauração.