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Amazonas é o estado brasileiro com maior número de primatas – veja o ranking!

Com 151 espécies, o Brasil possui a maior diversidade de primatas do mundo e ((o))eco listou quais estados levam o país pro topo desse ranking

Duda Menegassi ·
18 de dezembro de 2025

O Brasil é o país com a maior diversidade de primatas do mundo. No momento em que este texto é redigido, há 151 espécies e subespécies reconhecidas oficialmente em território nacional. Esse número pode mudar a qualquer momento com a descoberta de uma nova espécie – a última foi descrita na Amazônia em 2023 – ou com uma eventual revisão taxonômica que agrupe ou separe espécies. Independentemente do número exato, é fato: o Brasil é terra onde reinam os primatas. Há espécies em todos os estados, mas o Amazonas lidera de longe esse ranking, com um total de 95 em seu território, quase a metade de toda a diversidade brasileira. Conheça o ranking na reportagem.

Os dados do número de espécies de macacos por estado foram obtidos inicialmente por ((o))eco na plataforma pública Salve, do ICMBio, e posteriormente validados com auxílio de especialistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas (CPB/ICMBio). A lista considera apenas as espécies nativas de cada estado e os primatólogos destacam que ainda são necessários estudos para refinar as distribuições dos primatas no país, em especial na Amazônia. 

Liderança amazônica

A liderança do Amazonas, maior estado em extensão territorial, lar da Amazônia e de grandes rios que criam ilhas de diversidade, é inconteste. Com 95 espécies e subespécies, se fosse um país, apareceria em 3º no ranking mundial em número de primatas, atrás apenas do próprio Brasil e de Madagascar. Em solo amazonense estão primatas que só podem ser encontrados no estado, como o ameaçado sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) que sobrevive mesmo em meio à expansão urbana de Manaus. 

Em áreas de floresta bem preservada também há espécies únicas do estado e sob risco de desaparecer, como o macaco-de-cheiro-da-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii) e o icônico uacari-branco (Cacajao calvus), ambos encontrados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e ameaçados pelas mudanças climáticas. 

O ameaçado macaco-de-cheiro-da-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii), endêmico do Amazonas. Foto: Miguel Monteiro

Em segundo lugar está outro estado amazônico e outro gigante em termos de território: o Pará, com 40 espécies e subespécies. A diversidade paraense inclui macacos-pregos, saguis, macacos-de-cheiro, cuxiús, macacos-da-noite, parauacus, guaribas e macacos-aranhas e ganhou um guia ilustrado durante a COP30.

Um dos destaques no estado é o kaapori (Cebus kaapori), ainda pouco estudado e recentemente listado entre os primatas mais ameaçados do planeta.

Quem completa o pódio é Mato Grosso, onde coexistem Amazônia, Cerrado e Pantanal, e 32 macacos diferentes. Desde o adaptável sagui-marrom (Mico melanurus), que ocorre amplamente nos três biomas e em estados vizinhos, até o zogue-zogue-de-Mato-Grosso (Plecturocebus grovesi) que, como o nome indica, é restrito ao norte do estado.

A recém-elaborada Rota dos Primatas de Mato Grosso destaca essa biodiversidade num roteiro que percorre sete locais nos três biomas do estado para promover o turismo de observação de primatas, geração de renda, ciência e conservação da natureza.

Empatados em quarto lugar estão outros dois estados amazônicos: Acre e Rondônia, com 30 espécies.

Do lado acreano há espécies como o carismático bigodeiro (Tamarinus imperator), famoso por seus pelos faciais avantajados que lhe dão ar de nobreza; e o escuso uacari-careca (Cacajao ucayalii), que se concentra na Amazônia peruana, mas do lado brasileiro pode ser encontrado apenas no Parque Nacional da Serra do Divisor, no Acre.

O carismático bigodeiro (Tamarinus imperator) que, do lado brasileiro, pode ser encontrado apenas no Acre. Foto: João Marcos Rosa

Já em Rondônia – que também possui um guia de bolso para identificação das espécies – estão desde pequenos saguis, como o endêmico sagui-de-rondônia (Mico rondoni), até o grande e esguio macaco-aranha-de-cara-preta (Ateles chamek).

Fora do eixo amazônico, Minas Gerais figura num impressionante quinto lugar, com 17 espécies. O estado mineiro é lar das duas espécies de muriqui, o maior primata das Américas, o do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e o do-sul (Brachyteles arachnoides). No outro espectro de tamanho, estão os pequenos saguis-da-serra (Callithrix flaviceps) e sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita). Todos os quatro endêmicos da Mata Atlântica e, tal qual o bioma, ameaçados de extinção.

Confira o ranking completo do número de primatas por estado:

Guia Neotropical

Liderada pelo Brasil, a região Neotropical, que vai do sul do México até a América do Sul, concentra a maior diversidade de primatas do planeta, com 217 espécies e subespécies, o equivalente a cerca de 30% da biodiversidade mundial. A maior parte delas (151) está em solo brasileiro, sendo 80 endêmicas ao país, ou seja, podem ser encontradas apenas aqui.

Ainda assim, a região é coadjuvante entre os destinos de turismo de observação de primatas, concentrado em gorilas, chimpanzés, babuínos e outras espécies da África e Ásia. Para promover a atividade, em 2025, foi lançado o Guia Ilustrado de Primatas Neotropicais, produzido pela Re:wild, com apoio da Margot Marsh Biodiversity Foundation. 

A publicação traz todas as 217 espécies e subespécies conhecidas hoje na região Neotropical, com ilustrações para identificação, informações de distribuição geográfica, habitat e risco de extinção de cada uma delas. O livro pode ser adquirido online no site da editora.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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