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Galpão de empresa estoca 4 milhões de litros de produtos inflamáveis em Resende, no Rio

Fábrica desativada em 2018 abriga milhões de litros de produtos, a maioria inflamáveis, numa situação que preocupa autoridades. Há doze anos, grave acidente afetou vida no Rio Paraíba do Sul

Emanuel Alencar ·
6 de agosto de 2020 · 4 anos atrás
Fachada da empresa Servatis S.A., em Resende. Foto: Divulgação.

Um episódio de grande explosão provocada por produtos químicos não pode ser descartado no Estado do Rio de Janeiro. Uma situação em particular vem preocupando técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A empresa Servatis S.A., em Resende, no Sul Fluminense, armazena hoje 4 milhões de litros de produtos químicos, grande parte de inflamáveis, a 1,3 quilômetro das margens do Rio Paraíba do Sul. A mesma empresa, que decretou falência em 2018, esteve envolvida em episódio de mortandade de peixes, provocada por vazamento de 7.990 litros do composto endosulfan, em 2008.

Atualmente, os galpões estão sob os cuidados de dois vigias e há relatos de invasões para furto de materiais com valor de mercado, como fios de cobre. O temor é de que a falência da companhia implique cada vez mais em afrouxamento da segurança. Em março deste ano, parte do passivo foi resolvido, com o envio de 56 toneladas de sódio metálico armazenados em bombonas, para a empresa Nortox, na cidade de Arapongas, no Paraná. O produto estava vencido há 9 anos. Mas outros graves passivos, como os milhões de litros de produtos inflamáveis, permanecem. Há ainda um reator desativado com 400 quilos de sódio metálico, que permanece na Servatis.

“Se alguém acende uma fagulha nesse ambiente, há um risco enorme de explosão. É bastante preocupante”, adverte um servidor de carreira do Inea.

Relatório da Gerência de Operações em Emergências Ambientais (Geopem), do Inea, de 29 de junho de 2018, assinala a necessidade de se adotar medidas para prevenir incêndios (a fábrica fica ao lado de um bairro populoso), de se estabelecer uma brigada de incêndio 24 horas para proteção dos depósitos. Sugere ainda a ampliação do quantitativo de segurança da unidade, em especial, na restrição de acesso aos depósitos, visando evitar que invasores possam romper as embalagens expondo os resíduos perigosos, ou até mesmo furtar, podendo fazer uso indevido, como fabricação de bombas caseiras.

Reator desativado. Foto: Divulgação.

Maior acidente ambiental do Paraíba

Inaugurada em abril de 2005, a indústria química de herbicidas, inseticidas, fungicidas, fertilizantes e princípios ativos foi a responsável pela mais dramática tragédia de vazamento de contaminantes do Rio Paraíba do Sul, em 18 de novembro de 2018. A substância matou toneladas de peixes e percorreu 400 quilômetros até a foz do rio, em São João da Barra, no Norte do estado.

“Desde então esse local é um risco para o município todo. Depois do episódio do endosulfan, a fábrica entrou em uma crise que culminou com seu fechamento. Falta atualmente manutenção para garantir a estrutura física e a segurança dos depósitos, inclusive há presença de animais vagando pelo terreno”, diz o presidente da Agência do Meio Ambiente de Resende (Amar), Wilson Moura.

O caso da massa falida da Servatis está a cargo do juiz Hindenburg Kohler Brasil Cabral Pinto da Silva, da 2ª Vara Cível de Resende. Há empresas interessadas no uso do terreno, mas não no empreendimento. Ainda não houve leilão. ((o))eco entrou em contato com o advogado Carlos Augusto Marques, que representava a Servatis em 2018, mas ele informou que não trabalha mais para a massa falida da empresa.

 

 

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  • Emanuel Alencar

    Jornalista e mestre em Engenharia Ambiental. É autor do livro “Baía de Guanabara – Descaso e Resistência” (Mórula Editorial) e assessor de Comunicação na Prefeitura do Rio

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