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Publicado originalmente por Mongabay
- Nova pesquisa publicada na revista PLoS ONE neste mês revela que a Lei de Espécies Ameaçadas dos EUA (Endangered Species Act – ESA) está auxiliando efetivamente na recuperação de populações sitiadas de mamíferos e tartarugas marinhos.
- Eles fazem parte de 62 das 163 espécies marinhas atualmente protegidas pela ESA. Com a finalidade de analisar as tendências dessas populações e a magnitude das mudanças observadas nelas, pesquisadores coletaram estimativas anuais de abundância para estas 62 espécies diferentes.
- A equipe de pesquisa levantou a hipótese de que as populações que foram catalogadas pela ESA por períodos mais longos teriam mais chances de se recuperar do que as espécies listadas recentemente, independentemente de constarem como “ameaçadas” ou como “severamente ameaçadas”, o que realmente foi confirmado.
Nova pesquisa publicada na revista PLoS ONE de janeiro revela que a Lei de Espécies Ameaçadas dos EUA (Endangered Species Act – ESA) está auxiliando efetivamente na recuperação de populações sitiadas de mamíferos e tartarugas marinhos.
Os riscos de extinção para muitas das espécies que habitam os oceanos aumentaram à medida que os impactos de atividades humanas – como pesca excessiva, perda de habitat, poluição e mudança climática – causaram a degradação dos ecossistemas marinhos. Isto, por sua vez, levou a um número crescente de espécies marinhas listadas na ESA.
Mamíferos como as baleias-jubarte e as tartarugas marinhas são parte de 62 das 163 espécies marinhas atualmente protegidas pela ESA. Abel Valdivia, do Centro de Diversidade Biológica da Califórnia, liderou uma equipe de pesquisadores que coletou estimativas anuais de abundância para as populações de todos as 62 espécies de mamíferos e tartarugas marinhos listados, a fim de analisar as tendências populacionais e a magnitude das mudanças observadas nestes números.
Destas 62 espécies (que também incluem algumas subespécies e segmentos distintos), os pesquisadores escolheram focar no estado de recuperação de 23 populações representativas de 14 espécies de mamíferos marinhos e oito populações representativas de cinco espécies de tartarugas marinhas que não apenas vivem como também se reproduzem nas águas dos EUA. Todas as espécies que estiveram em foco no estudo foram listadas na ESA antes de 2012.
Mais de três quartos dos mamíferos marinhos e tartarugas marinhas que Valdivia e sua equipe estudaram tiveram aumentos substanciais no número de indivíduos. Os pesquisadores relatam que 18 das populações de mamíferos marinhos e seis das de tartarugas marinhas “aumentaram significativamente após a lista da ESA”, enquanto duas populações de mamíferos marinhos e nenhuma das de tartarugas marinhas diminuíram após receber a proteção da Lei. Três populações de mamíferos marinhos e duas de tartarugas marinhas não tiveram mudanças significativas.
Valdivia e sua equipe levantaram a hipótese de que as populações que foram listadas na ESA por períodos mais longos teriam mais chances de se recuperar do que as espécies listadas recentemente, independentemente de estarem “ameaçadas” ou “severamente ameaçadas”, o que realmente foi confirmado pela pesquisa.
“No geral, as 24 populações que tiveram grande aumento foram aquelas listadas por 20 anos ou mais (por exemplo, grandes baleias, peixes-boi e tartarugas marinhas)”, escrevem os pesquisadores no estudo. “As medidas de conservação desencadeadas pela lista da ESA, como o fim da exploração, gestão de espécies adaptadas e regulamentos de pesca, dentre outras medidas nacionais e internacionais, parecem ter sido largamente bem sucedidas na promoção da recuperação de espécies, levando não só ao crescimento da maioria como também à retirada de algumas delas da lista”.
A pesquisa inclui estudos de caso de como a ESA tem sido uma ferramenta importante para ajudar as baleias jubarte no Havaí, a população ocidental de leões marinhos de Steller e a de tartarugas marinhas verdes do Atlântico Norte a se recuperar. Por exemplo, os autores observam que a ESA proibiu a coleta de tartarugas adultas e seus ovos, o que ajudou a garantir que adultos e reprodutores não sejam removidos da população de tartarugas marinhas verdes do Atlântico Norte, que geralmente se aninham nas praias da Flórida. Ao mesmo tempo, os regulamentos de pesca instituídos como resultado da listagem da ESA ajudaram a reduzir as capturas de tartarugas marinhas verdes em palangres pelágicos e redes no Atlântico, a pesca na Baía de Chesapeake e as pescarias de camarão e linguado no Golfo do México.
“A proteção da ESA e os vários esforços de conservação locais e internacionais têm sido importantes para a recuperação de tartarugas marinhas verdes no Atlântico Norte e de outras regiões”, escrevem os pesquisadores. “Os regulamentos da ESA levaram a grandes modificações nas artes e práticas de pesca, além do estabelecimento de dispositivos de exclusão de tartaruga nos arrastões de camarão”. O resultado é um sucesso na conservação de tartarugas marinhas verdes: “a espécie está aumentando exponencialmente”.
Os pesquisadores dizem que suas descobertas sustentam as conclusões de estudos anteriores que analisaram várias espécies de aves marinhas e peixes, e determinaram que quanto mais tempo eles estivessem listados na ESA, melhores seriam suas chances de exclusão da lista por não serem mais ameaçados: “Nossos resultados também apoiam estudos anteriores que destacam a capacidade de mamíferos marinhos e tartarugas marinhas de se recuperar de décadas de exploração após esforços nacionais e internacionais de conservação coordenados”.
Tradução: Nanda Melonio.
Saiba Mais
Valdivia, A., Wolf, S., & Suckling, K. (2019). Marine mammals and sea turtles listed under the U.S. Endangered Species Act are recovering. PLoS ONE 14(1): e0210164.
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