A agropecuária é o maior vetor de desmatamento da Amazônia brasileira. Nenhuma novidade. Enquanto a floresta cai e queima, a estratégia de “colonizar” através do boi não respeita nem mesmo os limites das áreas que, pelo menos no papel e na letra da lei, deveriam manter de pé a vegetação nativa. As unidades de conservação deveriam ser áreas a salvo desse avanço da pata do boi. Entretanto, um levantamento exclusivo realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) a pedido de ((o))eco revelou a presença das pastagens dentro de unidades de conservação da Amazônia Legal, inclusive de caráter mais protetivo, como reservas biológicas e parques.
Para fazer esta análise, foi feita a coleta das bases de dados de unidades de conservação (UCs) da Amazônia Legal disponíveis em domínio público pelo órgão federal (ICMBio) e estaduais (nas respectivas secretarias). Para as informações sobre pastos, o levantamento utilizou a base de dados já consolidada do Atlas das Pastagens, do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG). A partir dessas informações foi feito o cruzamento entre as áreas de pasto e os limites das UCs e, com isso, feito o cálculo da extensão das pastagens dentro dela, em tamanho total e proporcional em relação à unidade.
Apesar da investigação considerar todas as UCs nos nove estados que compõem a Amazônia Legal, para esta análise foi feito um recorte das áreas protegidas inseridas no bioma Amazônia.
O levantamento completo você acessa nesse mapa interativo:
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Sugiro dar uma checada nos dados, começando por Rondônia…no mapa interativo, indicaram como “pasto” as escarpas da Serra da Cutia e campos naturais na REBIO Guaporé.