Salada Verde

Governo fora de sintonia

Cortes de impostos para vender eletrodomésticos trará mais problemas ambientais e contraria debates congressistas por uma política nacional de resíduos sólidos.

Salada Verde ·
6 de maio de 2009 · 15 anos atrás
Salada Verde
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Além de baixar a zero os impostos para venda de chuveiros elétricos e jogar nas nuvens o consumo de energia, o governo criou outro problema ambiental com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a aquisição de geladeiras e fogões: para onde irão os produtos velhos, substituídos aos montes pelos ávidos consumidores brasileiros? A questão é tão séria que o Ministério do Meio Ambiente distribui nota onde afirma que a “discussão da Política Nacional de Resíduos Sólidos pelo Congresso Nacional, que regulamenta o descarte de resíduos especiais coincide com a decisão do Governo Federal de baixar a alíquota do IPI) sobre os chamados produtos da linha branca (…) e da abertura de linha de crédito do Banco do Brasil, para incentivar sua aquisição”.
 
Geladeiras, fogões e máquinas de lavar não devem ser jogados no lixo comum, pois muitos equipamentos velhos contêm poluentes e podem prejudicar solos, águas e até a Camada de Ozônio. Além disso, contribuirem para enchentes se forem parar em rios e córregos. Em 2008, quase um milhão de refrigeradores foram comercializados no setor de auto-serviço e nas principais redes varejistas brasileiras.
 
Em contrapartida, o governo aposta na coleta, desmanche e reúso de componentes de produtos usados para reduzir a geração de resíduos sólidos. Ao menos para os gases prejudiciais à saúde do planeta, equipamentos foram comprados e pessoas foram treinadas para sua caputtura e destinação correta. Em fevereiro, o governo anunciou que financiará a troca anual de 150 mil geladeiras velhas com gás CFC, que destrói a Camada de Ozônio. A idéia é usar 0,5% do arrecadado nas contas de energia, cerca de R$ 250 milhões, para tirar de circulação geladeiras antigas, trocando-as por novas, mais econômicas e menos poluentes.
 
Já o reaproveitamento de outros materiais depende da expansão da chamada “logística reversa”. Conforme o conselho brasileiro do setor, o retorno de matérias-primas ao mercado movimenta U$ 750 bilhões por ano, só nos Estados Unidos. O Brasil ainda não tem sequer estatísticas sobre o assunto.

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