A taxa anual de desmatamento no Cerrado (foto) entre 2002 e 2008 foi de aproximadamente 14 mil quilômetros quadrados (Km2) e não de 21 mil Km2, como anunciou com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) em 10 de setembro deste ano. Isso porque parte da degradação registrada para o período aconteceu, na verdade, antes de 2002.
O novo índice foi calculado também pelo Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama e validado por órgãos como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Embrapa, Funcate e Laboratório de Processamento de Imagens da Universidade Federal de Goiás. A checagem mostrou que no período houve um desmatamento de 85.075 km2 e não de 127.564 km2, como antes informado. A diferença é de 33%.
Assim, as perdas anuais de Cerrado deixam de ser quase que duplamente superiores às médias registradas na Amazônia, mas sem mantêm elevadas para uma região extremamente fragmentada e alvo do avanço da fronteira agrícola. As emissões de gases-estufa pela degradação do Cerrado a cada ano também encolheram, mas o total emitido se mantém, já que as perdas totais do bioma ainda estão próximas dos 48%, como adiantou O Eco no dia primeiro de setembro. Se for somada vegetação secundária, aquela que cresce após o desmatamento, o índice chega a 51,2%. A taxa de 39% de “conversão” do Cerrado apontada pelo governo em 2006 foi subestimado.
“Os dados revisados seguem mostrando grande perda anual de vegetação, ao mesmo tempo que permitem que o governo seja mais ousado na meta anunciada para redução de emissões do Cerrado, de 40% até 2020. Isso pode ocorrer sem prejuízo à agropecuária, que precisa ganhar em eficiência e ampliar a recuperação e uso de áreas degradadas. E, tão importante quanto tudo isso, é preciso definir a trajetória para cumprimento das metas para o Cerrado, uma curva apoiada por políticas públicas para a redução da degradação”, ressaltou Mercedes Bustamante, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília. (Aldem Bourscheit)
Saiba mais:
Em dívida com o Cerrado
Cerrado pela metade
Confira a nota oficial sobre a revisão dos dados para o Cerrado.
Leia também
Soluções baseadas em nossa natureza
Não adianta fazer yoga e não se importar com o mundo que está queimando →
COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas
Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados →
Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial
Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa →