Salada Verde

Da invasão de Cabedelo

Justiça dá aval a obra de condomínio de luxo acusado de adentrar floresta nacional na Paraíba. Processo se arrasta há cinco anos.

Salada Verde ·
16 de dezembro de 2009 · 16 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Julgamento realizado nessa

Obras em curso no Alamoana. Foto: Divulgação
Obras em curso no Alamoana. Foto: Divulgação

A ação impetrada pelo Ibama alegava danos causados pela construtora à Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo com um muro de 224 metros de comprimento em Área de Preservação Permanente (APP), impedindo a regeneração natural de 24 hectares de vegetação nativa. O processo se arrasta há cinco anos.

Com a decisão no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, pelos desembargadores Margarida Cantarelli, José Baptista de Almeida Filho e Frederico Wildson, a IPI pode seguir com as obras até julgamento final, pois derruba embargos impostos ao loteamento, também acusado de instalar piscinas, academia, quadras de futebol, tênis, squash e salão de festas em mangues e restingas próximas ao rio Paraíba do Norte. Tudo aconteceu sob as barbas do Ibama, graças a confusões legislativas e pareceres de técnicos do órgão pendendo para o lado do condomínio.

A unidade de conservação federal foi decretada em 2004, enquanto as obras irregulares da empresa começaram dois anos depois, com licença da Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba (Sudema). O órgão também é apontado pelo Ministério Público Federal por ter aprovado uma criação de camarões na Área de Proteção Ambiental do rio Mamamguape, também federal.

Além da chamada Mata do Amém, o embargo judicial imposto à construtora envolve terrenos da Rede Ferroviária Federal por onde passa uma linha férrea ligando os municípios de Cabedelo e Santa Rita, sequer citada na planta original do empreendimento. As margens do rio Sanhuá também serão impactadas, por uma marina.

“Parte do condomínio realmente adentrou a área definida para a flona no decreto. Mas ninguém pode ir de encontro a uma determinação presidencial voltada à proteção de terras da União. O caminho para esse tipo de disputa é a justiça, não construir muro e outras obras”, disse o superintendente do Ibama/PB, Ronilson José da Paz.

Em julho deste ano, a operação federal Mangue Livre multou em 200 mil reais a administração do Alamoana, que no idioma malaio significa “o ideal de encontrar o paraíso”. O condomínio é encabeçado pelos empresários Pedro Ivo Militão e Ivanhoé Cunha Lima, filho do ex-senador e ex-secretário chefe da Casa Civil da Paraíba, Ivandro Cunha Lima.

Confira no mapa a localização do condomínio:

Exibir mapa ampliado

Leia também

Notícias
19 de dezembro de 2025

STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas

Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas

Análises
19 de dezembro de 2025

Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal 

Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção

Reportagens
19 de dezembro de 2025

Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional

Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.