Vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, sigla em inglês), o brasileiro Everaldo Feitosa espera que o governo dê continuidade aos leilões específicos dessa fonte renovável para torná-la mais barata e competitiva frente às tradicionais hidrelétricas, petróleo e até nuclear.
O leilão realizado esta semana foi o primeiro voltado à força dos ventos e projeta investimentos de oito bilhões para gerar 1,8 mil megawatts. O preço médio de 148 reais por megawatt fez membros do governo, como o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, declararem que vendas exclusiva para a fonte não seriam mais necessárias.
“O leilão foi muito positivo, mas seria um contrasenso não realizar mais vendas específicas para eólica. Só assim teremos redução de custos, até 30% maiores do que lá fora, com o desenvolvimento de tecnologias próprias para produção e exportação de turbinas e outros componentes, por uma indústria sólida e geradora de empregos”, ressaltou o presidente da Eólica Tecnologia.
Sobre o deságio de 21% no preço inicial de 189 reais para o megawatt comercializado nas sete horas e meia de leilão, Feitosa comentou que o valor está abaixo do necessário para atrair investidores em maior quantidade e que a energia eólica ainda precisa de incentivos antes oferecidos a outras matrizes. O preço final, de 148 reais, ficou acima dos cerca de 70 reais estipulados para a energia hídrica de usinas como Santo Antônio e Jirau, mas bem abaixo dos até 800 reais para térmicas a óleo combustível.
“Além da isenção no imposto sobre produtos industrializados, o governo precisa desonerar o setor com outras medidas fiscais. Outras fontes tiveram esse privilégio no passado. Só assim o Brasil alcançará seu potencial, muito maior que o de países como Espanha ou Alemanha, podendo até substituir todas as térmicas por usinas eólicas. A geração eólica no Brasil ainda figura como uma garrafa de champagne pronta para estourar”, disse.
De 339 projetos eólicos habilitados, 71 foram selecionados no leilão realizado na última segunda (14), possibilitando a contratação de 1.805 megawatts – 753 médios. Entidades do setor esperam que a partir de 2012, quando começam os contratos de vinte anos aprovados no leilão, estejam instalados no país pelo menos 3,2 mil megawatts. Hoje há 1.423 megawatts, através de contratos do Proinfa. Isso elevaria a participação da eólica de 0,6% para 3% na matriz energética nacional.
O atlas eólico brasileiro de 2001 apontou que o Brasil tinha potencial para gerar 143 gigawatts com esse fonte. Mas estudos da Eletrobrás feitos com ventos acima dos cinquenta metros de altitude e diferentes relevos revelaram possibilidades superiores a 250 gigawatts.
|
Volumes contratados no leilão |
||
|
|
Projetos |
Megawatts |
|
Rio Grande do Norte |
23 |
657 |
|
Ceará |
21 |
542 |
|
Bahia |
18 |
390 |
|
Rio Grande do Sul |
8 |
186 |
|
Sergipe |
1 |
30 |
Saiba mais:
Geração fora das dunas
Mais espaço à geração eólica
Curiosidade (quase) matou o abutre
Ventania hispânica
Opiniões divididas em Veadeiros
Leia também
STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas
Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas →
Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal
Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção →
Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional
Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira →




