Salada Verde

É tempo de algodão. Tempo de agrotóxicos

Área plantada aumenta 56% na safra de 2011. Parcela de variedade orgânica ainda é insignificante.

Redação ((o))eco ·
29 de março de 2011 · 13 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Celso Calheiros

Algodão BRS Topásio, melhoramento feito pela Embrapa. Esperança é que variedade orgânica diminua uso de inseticidas. (foto: Flávio Tôrres de Moura)
Algodão BRS Topásio, melhoramento feito pela Embrapa. Esperança é que variedade orgânica diminua uso de inseticidas. (foto: Flávio Tôrres de Moura)
O Brasil se tornou a bola da vez quando o assunto é algodão. A cultura responsável por consumir cerca de 20% de todo o inseticida produzido no mundo está em franco crescimento no país.

Mato Grosso tem 700 mil hectares plantados, a Bahia possui 350 mil e, em todo o território brasileiro, a Embrapa estima 1,3 milhão de ha. É um aumento de 56% na área plantada na safra passada.

O técnico agrícola Waltemilton Cartaxo, da Embrapa Algodão, na Paraíba, acredita que as perspectivas indicam, inclusive, aumento da área plantada para as próximas safras. “O preço está excepcional, praticamente três vezes o valor histórico de R$ 40 por arroba (pouco mais do que 14,6 quilos) de pluma”. É o maior preço dos últimos 140 anos. De acordo com Waltemilton, a quebra da safra na Austrália, devido a enchentes, contribuiu para o preço internacional em alta.

Bom para os negócios agrícolas, bom para quem vende inseticida. O algodão é uma cultura que atrai pragas, explica Waltemilton. Além de tradicionais, como o bicudo do algodoeiro, broca da raiz, três tipos de lagartas e o pulgão, uma característica da cultura é apontada como indutora da praga: a monocultura. E a logística da cultura do algodão pede grandes extensões dedicadas ao mesmo plantio, acrescenta o técnico da Embrapa.

É difícil estimar a quantidade de defensivo utilizada em determinada área plantada, até mesmo por técnicos experientes da Embrapa Algodão. “Cada tipo de defensivo agrícola possui recomendações específicas, a depender da região do país, do tipo de defensivo e da forma como ele será aplicado”, esclarece Waltemilton Cartaxo.

Aos que defendem as terras livres dos tóxicos, há uma réstia de luz no fundo do túnel. A Embrapa Algodão estimula na Paraíba a produção de algodão orgânico no modelo agroecológico. Nessas culturas, todo controle de pragas é feito sem qualquer participação química. Os 2 mil ha cultivados por 700 núcleos de agricultura familiar produzem algodão branco e colorido no semiárido. Praticamente toda a produção é destinada ao mercado externo, que valoriza o produto com um preço 50% acima do convencional, explica o engenheiro agrônomo Fábio Albuquerque, também da Embrapa Algodão, de Campina Grande, Paraíba.

O algodão colorido é uma atração a mais entre os tipos orgânicos. Os projetos com assistência da Embrapa Algodão produzem BRS Topázio, BRS Verde, RS Rubi e BRS Safira. “O BRS Topázio possui a fibra mais comprida e é mais sedoso, mais fino”, explica Fábio Albuquerque. O algodão com cor natural tem como benéfico a redução no uso de pigmentos e a redução de efluentes industriais a serem tratados. As novidades são alentadoras, mas ainda não valem uma comemoração. A produção orgânica, no Brasil, não representa 0,2% do total cultivado com defensivos agrícolas.

Leia também

Notícias
5 de julho de 2024

Associação de procuradores ambientais propõe ajustes nas autorizações de desmatamento

Nota técnica da Associação Brasileira de Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA) alerta para descontrole de autorizações de supressão, especialmente no Cerrado

Salada Verde
5 de julho de 2024

Próximo Congresso Brasileiro de Trilhas ganha data e local

Terceira edição do congresso, organizado pela Rede Brasileira de Trilhas. será realizada de 14 a 17 de novembro na cidade de São Paulo

Reportagens
5 de julho de 2024

Coordenadas por brasileira, academias de ciências do G20 recomendam ações em cinco áreas críticas

Organizações sugerem que as maiores economias adotem ações em inteligência artificial, bioeconomia, transição energética, desafios à saúde e justiça social

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Ana diz:

    Onde estão as fontes do estudo de 20%? Gostaria de ler em detalhe