Numa sessão marcada por discursos de cunho desenvolvimentista, deputados aprovaram na tarde desta quarta-feira (03) o relatório final do projeto de lei que quer reabrir a Estrada Caminhos do Colono, que corta o Parque Nacional do Iguaçu.
A estrada Caminhos do Colono tem 18 quilômetros e corta a área mais protegida do Parque Nacional do Iguaçu: a parte intangível, onde é proibida a visitação de turistas. Para legalizar uma estrada no parque, o Projeto de lei nº 7123, de 2010, de autoria do deputado Assis do Couto (PT-PR), incluiu o conceito estrada-parque na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Assis do Couto afirmou que o projeto de sua autoria não representava apenas a abertura da estrada que liga os municípios de Capanema e Serranópolis, mas uma discussão maior: “O que estamos discutindo não é só isso (…). O que estamos votando aqui e que vamos continuar debatendo no Senado e levar até o Palácio do Planalto pra sanção presidencial é algo importante para o Brasil. Nós temos que regulamentar esse tema de estrada em unidades de conservação”.
Para a maioria dos deputados da comissão, o importante era a garantia da estrada: “(…) esse será o desafio grande da humanidade daqui para frente, o equilíbrio entre o desenvolvimento e o meio ambiente. Nós conseguimos mostrar isso à sociedade na estruturação da formulação do novo Código Florestal, e a Estrada do Colono será (outro) exemplo disso. No mundo inteiro, nós temos estradas-parques que conseguem fazer esse equilíbrio (…) mas não se descarta o desenvolvimento e o progresso, que é substancial naquela região e que será resgatado na abertura da estrada do colono” discursou Alfredo Kaefer (PSDB-PR).
Com a aprovação do relatório do deputado Nelson Padovani (PSC-PR), a comissão especial formada para analisar o Projeto de Lei 7123/10 teve seus trabalhos finalizados. Agora, o projeto segue para a Mesa da Câmara, onde ficará por 5 sessões, até ser encaminhado ao Senado. Isso porque o projeto de lei da estrada do Colono é conclusivo, o que na linguagem da Câmara significa que será analisado apenas pelas comissões que passar, sem precisar ser votado em plenário. Durante essas 5 sessões, se algum deputado entrar com requerimento, o projeto perde o “status” de conclusivo e será votado no plenário da Câmara.
Entusiasta da abertura da estrada, o deputado Alfredo Kaefer fez um apelo aos colegas deputados ambientalistas para que não atrasem a tramitação do projeto no Senado: “Espero que ninguém atravesse nenhum requerimento, vamos trabalhar para isso, para que ninguém queira, eventualmente os verdes ai, com todo respeito, querem levar o projeto ao plenário”, afirmou.
À esquerda, a estrada caminhos do colono em 2003, quando foi aberta por invasão. À direita, foto da mata já recuperada, em 2012. Fotos: ICMBio. | Clique para ampliar. |
Avança projeto de lei que quer reabrir estrada do colono
Estrada do colono: a reabertura de uma ferida
Estrada do Colono, tesoura que parte Iguaçu pela metade
Leia também
Novas espécies de sapos dão pistas sobre a história geológica da Amazônia
Exames de DNA feitos em duas espécies novas de sapos apontam para um ancestral comum, que viveu nas montanhas do norte do estado do Amazonas há 55 milhões de anos, revelando que a serra daquela região sofreu alterações significativas →
Documentário aborda as diversas facetas do fogo no Pantanal
“Fogo Pantanal Fogo” retrata o impacto devastador dos incêndios de 2024 sobre o cotidiano de ribeirinhos e pantaneiros e as consequências das queimadas para a biodiversidade →
R$ 100 milhões serão destinados à recuperação de vegetação nativa na Amazônia
Com dois primeiros editais lançados, programa Restaura Amazônia conta com recursos do Fundo Amazônia e da Petrobras →