Um estudo apresentado pelo IFAW, sigla em Inglês do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, aponta que a Alemanha foi o país europeu que mais recebeu remessas de animais traficados da América Latina. Rússia e Espanha vêm logo atrás.
Baseado em apreensões noticiadas entre 2017 e 2023, o relatório detalha que a maior parte (94%) da vida selvagem retirada ilicitamente da região foi exportada viva, em cargas aéreas apoiadas em documentos fraudados.
Os animais roubados, de 69 diferentes espécies, atenderam sobretudo o mercado de animais exóticos de estimação.
A maior quantidade identificada foi de anfíbios, como sapos da Colômbia, Panamá e Brasil, seguidos por aves e répteis. Apenas duas apreensões de mamíferos foram documentadas, de partes de uma onça-pintada e de uma foca-peluda sul-americana.
“A mensagem que queremos deixar clara é a de que a América Latina não é uma loja de animais, que seus animais selvagens não estão à venda”, disse em nota do IFAW sua diretora de Política e Advocacia para a Europa, Ilaria Di Silvestre.
No grande esquema de comércio ilícito, os criminosos privilegiam espécies com menos proteções legais internacionais e dos países. Assim, mesmo que tenham sido traficadas, podem ser comercializadas quase que livremente.
O quadro se completa com o registro de que só ¼ das espécies registradas tinham proteção da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (Cites), que deveria regular esses negócios. Leis e punições para proteger espécies não listadas na Convenção são raras, mantendo seu tráfico lucrativo, de baixo risco e alta recompensa.
Tão grave quanto, animais foram apreendidos rumando à Ásia. Por isso, o estudo aponta que a Europa pode ser não só um destino, mas também uma ponte do tráfico internacional, já que as remessas são pouco fiscalizadas, tornando raras as apreensões de vida selvagem.
“Esse tipo de exploração ilegal é abundante e precisamos urgentemente da ação da União Europeia para salvaguardar a rica biodiversidade desta e de outras regiões”, ressaltou Ilaria Di Silvestre.
O relatório destaca, ainda, que as remessas identificadas à Europa são “uma pequena fração da vida selvagem sendo traficada” e que a maioria desses crimes escapam da “atenção das agências de aplicação da lei responsáveis pelo policiamento das fronteiras dos países”.
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