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Árvores gigantes no Amapá recebem sinal verde para tombamento

Parecer favorável da SEMA-AP segue recomendação do MP para que árvores gigantes sejam protegidas por lei. Uma delas está sob risco pela proximidade com o garimpo

Duda Menegassi ·
9 de julho de 2025
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A Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (SEMA-AP) deu parecer técnico favorável ao tombamento e proteção do entorno de árvores gigantes no estado, reconhecendo seus critérios ecológicos, culturais e legais como patrimônio natural. A análise atende à recomendação feita pelo Ministério Público do Estado do Amapá (MPE) no ano passado para resguardar exemplares enormes de angelim e castanheira identificados na floresta amazônica amapaense, tornando-as imunes ao corte. O parecer, elaborado por uma analista da SEMA, será analisado ainda pela Diretoria de Desenvolvimento Ambiental e encaminhado à titular da pasta para avaliação final.

A recomendação do MP mira proteger um total de seis indivíduos de angelim-vermelho (Dinizia excelsa), todos com mais de 80 metros de altura; e uma castanheira (Bertholletia excelsa) com 66 metros. Ambas as espécies são nativas da Amazônia.

Quatro angelins estão localizados na região do Cupixi, na Reserva do Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, onde são considerados em risco devido ao avanço da atividade garimpeira. A maior destas gigantes e segunda maior árvore conhecida em toda Amazônia, com 85,44 metros, está a cerca de 1 quilômetro de uma área de garimpo ilegal de ouro. A castanheira da lista, espécie classificada como Vulnerável ao risco de extinção no país, também está localizada na RDS.

Outro gigante, um angelim-vermelho com 83,44 metros localizado na região Maracá-Camaipi está em área sob concessão florestal executada pela empresa brasileira T.W Forest Ltda, como destaca o Ministério Público por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Conflitos Agrários (PRODEMAC).

Há ainda um angelim, com 85,41 metros, localizado na Floresta Nacional do Amapá.

Além de promover o tombamento das seis árvores, que não poderão ser cortadas, a recomendação prevê a criação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) no raio de um quilômetro a partir de cada uma das árvores-gigantes “tornadas imunes a corte, derrubada ou qualquer outra exploração econômica”.

Em concordância com o que foi pedido pelo MP, o parecer técnico da SEMA-AP traz mapas para subsidiar a delimitação das APPs sugeridas, além de sugerir o monitoramento regular das árvores.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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