Cientistas ligados a Coalizão Ciência e Sociedade se posicionaram contra a exoneração, ocorrida no dia 10 de janeiro, da coordenadora do Ibama responsável pela avaliação de agrotóxicos, Maria Zerbetto.
A Coordenação-Geral de Avaliação e Controle de de Substâncias Químicas do Ibama é responsável pela avaliação dos impactos do agrotóxico no Meio Ambiente. O Ibama divide com a Anvisa e o Ministério da Agricultura (MAPA) a função de verificar a eficiência e os possíveis impactos de um agrotóxico no meio ambiente (Ibama), na saúde humana (Anvisa) e na cultura agrícola (MAPA).
Em artigo publicado no portal do grupo, o Conexão Ciência e Sociedade entendeu como mal explicada a decisão de exoneração da servidora Marisa Zerbetto, no momento em que “o país mais necessita fortalecer os mecanismos de monitoramento e controle de agrotóxicos para evitar consequências negativas para a saúde ambiental e humana”.
Profissional experiente, com quase vinte anos no mesmo setor, e mais de 30 no IBAMA, Marisa Zerbetto era a pessoa que dava autorizações e licenças para uso, comercialização, importação e exportação de substâncias químicas e resíduos sólidos.
“Em sua função, a servidora vinha discutindo e construindo soluções dentro do IBAMA e junto à ANVISA sobre o uso de herbicidas em áreas naturais para o controle de espécies exóticas invasoras, uma das maiores ameaças à biodiversidade no Brasil e no mundo. Com o objetivo de achar soluções técnicas e legalmente embasadas, envolveu técnicos e pesquisadores de diferentes instituições públicas e privadas, incluindo empresas, organizações não governamentais, universidades e outros órgãos vinculados ao próprio Ministério do Meio Ambiente”, ressaltou o Coalizão Ciência e Sociedade.
Ainda no texto, o grupo Coalizão Ciência e Sociedade deixa claro que exoneração de servidores em funções de gestão é uma prerrogativa da direção do órgão, mas o grupo demonstra preocupação para o que chama de “desmonte acelerado e metódico da fiscalização ambiental no Brasil”.
“Mais uma vez, a estrutura vigente é desmantelada e o corpo técnico qualificado é afastado sem projetos novos ou melhorias em sua substituição. Causa profunda inquietação que isso ocorra em uma área de tal nível de criticidade ao mesmo tempo em que propostas de flexibilização do uso de agrotóxicos no Brasil seguem em discussão no Congresso sem um debate amplo, real e necessário com todos os segmentos da sociedade”, finaliza o grupo no texto.
*Editado às 20h39, do dia 22/01/2020.
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Informo que a servidora aposentou-se em seguida, já estava planejado.