Com uma ajudinha da genética, cientistas identificaram duas novas espécies de peixes das nuvens que vivem em riachos no litoral de São Paulo. Os animais foram descobertos a partir de análises do DNA feitas em 76 exemplares depositados em coleções científicas e trazem novas informações sobre o quebra-cabeça dos particulares peixes das nuvens.
As descobertas foram descritas em artigo publicado em novembro no periódico científico Neotropical Ichthyology, com acesso aberto.
Um dos peixes foi batizado de Atlantirivulus tupinambas, em homenagem ao povo Tupinambá, que vivia na região onde a espécie ocorre, nos municípios de Bertioga, São Sebastião e Ubatuba.
Enquanto o outro Atlantirivulus peruibensis, faz referência ao município de Peruíbe, onde está o habitat típico da espécie, que vive ao longo do litoral sul do estado.
Ambos os peixes estão em ambientes pressionados pela expansão urbana, degradação ambiental e desmatamento. Apesar das ameaças concretas, os pesquisadores indicam a necessidade de mais estudos para que seja possível avaliar o risco de extinção de cada uma delas.
Com cerca de 3 centímetros cada um, estes dois peixes pertencem ao gênero Atlantirivulus, composto por 16 espécies, todas da Mata Atlântica, distribuídas em diferentes rios em áreas de floresta do sul da Bahia ao norte do Rio Grande do Sul.
Os peixes das nuvens ou rivulídeos – como chamam os cientistas – possuem um ciclo de vida particular, onde nascem, crescem e se reproduzem no curto período de tempo em que as chuvas dão vida ao seu habitat, como poças e rios temporários. Antes deles secarem totalmente, o peixe enterra seus ovos no fundo enlameado, onde sobrevivem mesmo sem água à espera da próxima temporada chuvosa.
Essa vida sazonal é o que rende os nomes de peixe das nuvens ou peixes anuais, considerados um dos grupos de animais mais ameaçados do mundo justamente pela vulnerabilidade de seu habitat.
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