Após cartas de investidores estrangeiros, empresários brasileiros, chegou a vez de ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central encaminharem carta ao governo brasileiro propondo mudanças na gestão ambiental do país e pedindo desmatamento zero tanto na Amazônia quando no Cerrado e a adoção de uma economia de baixo carbono. A carta foi divulgada nesta terça-feira (14).
“Nós, ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central do Brasil, defendemos que critérios de redução das emissões e do estoque de gases de efeito estufa na atmosfera, e de resiliência aos impactos da mudança do clima sejam integrados à gestão da política econômica. Esses critérios já são, e serão cada vez mais, baseados em tecnologias compatíveis com o aumento da produtividade da nossa economia, a geração de empregos e a redução da desigualdade no Brasil”, afirma a carta, coordenada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e pelo Instituto O Mundo Que Queremos.
Leia a carta na íntegra.
Assinam a carta os ex-ministros da Fazenda: Luiz Carlos Bresser-Pereira (1987), Maílson da Nóbrega (1987-1990), Zélia Cardoso de Mello (1990-1991), Marcílio Marques Moreira (1991-1992), Gustavo Krause (1992), Fernando Henrique Cardoso (1993-1994), Rubens Ricupero (1994), Pedro Malan (1995-2003), Joaquim Levy (2015), Nelson Barbosa (2015-2016), Henrique Meirelles (2016-2018, também presidiu o BC entre 2003 e 2011) e Eduardo Guardia (2018). E os ex-presidentes do Banco Central Gustavo Loyola (1992-1993 e 1995-1997), Pérsio Arida (1995), Armínio Fraga (1999-2003), Alexandre Tombini (2011-2016) e Ilan Goldfajn (2016-2019).
“O prejuízo do desmatamento tem levado diversos parceiros comerciais importantes e investidores estrangeiros no Brasil a expressarem veementemente seu descontentamento e preocupação, que certamente se traduzirão em menores fluxos de comércio e investimentos no País”, destaca o documento. “A crescente disciplina da precificação dos riscos ambientais, inclusive sistêmicos, deverá fortalecer o compromisso com os objetivos de governança, sociais e ambientais”, afirmam os signatários.
A carta foi publicada na manhã desta terça-feira (14). Algumas horas depois, o Ministério da Economia publicou nota técnica defendendo a agenda ambiental do país e afirmando que “dados conjunturais de curto prazo não podem ser o balizador para se julgarem as políticas de governo”.
Para o Ministério liderado por Paulo Guedes, “algumas críticas sem base nos dados têm ganhado espaço nos noticiários e veículos de imprensa”.
A nota técnica pode ser lida neste link.
O site fakebook.eco fez a checagem da nota do Ministério da Economia e encontrou deslizes, erros conceituais e fake news.
“Em pelo menos um caso, publica um dado desmentido pelo próprio governo: ao qualificar o país como um dos “que menos emitem” gás carbônico, cita uma fonte que contabiliza apenas emissões por queima de combustíveis fósseis – quando quase 70% das emissões brasileiras estão no uso da terra. Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações mostram emissões per capita três vezes maiores que o sugerido em mapa que consta da nota”, informa a checagem.
A iniciativa fakebook.eco conta com a parceria de ((o))eco e outros portais de notícias ambientais e científicas.
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Contra fotos de satélite, não tem como dizer, que não existe ou não é bem assim.
Mesmo tendo a prática dos militares de longa data de usarem a estratégia de ficarem em silêncio ou dos políticos , afirmarem de que não é verdade ou os dados são distorcidos.
É, a fatura chegou, srs.
É complicado admitir que o ministro $alle$ errou feio. E consequentemente a política ambiental, do sr. presidente Bolsonaro, não é mesmo sr. Guedes.
Pois agora………………