O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação civil pública pedindo a suspensão imediata do projeto de crédito de carbono/REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) em Unidades de Conservação (UCs) do Amazonas. Segundo o órgão, o projeto, lançado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), vem sendo executado sem consulta prévia aos povos indígenas e comunidades tradicionais que vivem nessas áreas, em desacordo com a Convenção 169 da OIT.
Em reunião realizada em agosto, lideranças das UCs estaduais relataram ao MPF que não receberam informações sobre o projeto e denunciaram possíveis perseguições por parte da Sema. Para o MPF, a ausência de diálogo e transparência viola direitos fundamentais de participação social e compromete a legitimidade da política ambiental no estado.
Em nota, o Governo do Amazonas afirmou que a ação judicial é a mesma que tramita desde 2024 e que o Estado tem prestado todos os esclarecimentos à Justiça. A Sema informou que não há projetos de carbono estaduais iniciados ou em andamento nas 21 Unidades de Conservação aptas a receber as iniciativas e que nenhuma ação será implementada sem a consulta e aprovação das comunidades. De acordo com o órgão, as consultas às lideranças foram realizadas entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, e a partir de novembro deste ano devem começar as visitas às comunidades, iniciando pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma. O governo reiterou que o processo é conduzido com transparência e que os projetos só serão executados se tiverem o aval das comunidades e seguirem os parâmetros previstos em edital.
Leia também
Inação do governo provoca boom no mercado voluntário de créditos de carbono
Em meio às novas empresas de comercialização de créditos de carbono, como a fintech Moss, os projetos brasileiros de REDD+ apresentam exemplos de sucesso e de fracasso no âmbito da preservação florestal →
Brasil lidera em potencial de REDD, mas sofre com falta de recursos
Preservar a Amazônia evitará a emissão de 9 bi de toneladas de CO2. Brasileiros estão na COP22 para pleitear recursos para projetos de combate ao desmatamento →
Amazonas reduz de 80% para 50% a área de reserva legal no estado
Decreto assinado pelo governador Wilson Lima atende pedidos de produtores rurais de Apuí e será usado para regularizar áreas. Governo nega retrocesso →





