A soltura de uma jovem fêmea de gato-mourisco com um rádio-colar no final de março (28), no estado do Rio de Janeiro, deu início a um monitoramento inédito que pretende entender como o felino utiliza as áreas remanescentes de Mata Atlântica e os impactos da fragmentação florestal para espécie. A informação é considerada uma peça-chave para entender como o animal se adapta ao ambiente e avaliar os desafios e estratégias para garantir sua conservação. É a primeira vez no estado que um felino reintegrado à natureza recebe o rádio-colar.
O gato-mourisco, com idade estimada de mais de 2 anos, foi encontrado debilitado em uma área de transição entre a floresta e a zona rural do município de Paracambi e resgatado pelo Corpo de Bombeiros, que o levou ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) de Seropédica. Lá, o animal recebeu cuidados veterinários e passou por um processo de reabilitação para que pudesse voltar pra vida livre.
A soltura foi realizada com apoio do Programa Carnívoros do Rio, que estuda a ecologia dos predadores nativos do estado, e do Instituto Serra do Tangará. As informações do rádio-colar – que emite sinais via GPS sobre a movimentação diária do felino – também ajudarão os pesquisadores a avaliar o sucesso da readaptação do animal à natureza.


O gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) ocorre amplamente no país e é considerado Vulnerável ao risco de extinção, de acordo com avaliação nacional do ICMBio. Considerado um animal de hábitos solitários, ainda há muitas incógnitas sobre a ecologia e comportamento da espécie.
“Esse monitoramento nos permitirá entender melhor o comportamento do gato-mourisco e identificar as ameaças que ele pode enfrentar na natureza, como caça ilegal, atropelamentos e perda de habitat”, explica o biólogo responsável pelo Programa Carnívoros do Rio, Yan Rodrigues.
O acompanhamento do felino seguirá pelos próximos meses e a expectativa é que essa seja a primeira de muitas solturas feitas com auxílio da tecnologia de rastreamento remoto.
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