Belém (PA) – A Embaixada do Japão enviou ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil um pedido de extradição para que Paul Watson, ativista canadense e fundador da ong Sea Shepherd, seja entregue às autoridades do país asiático. Ele deve participar nos próximos dias da COP30, na capital paraense.
“O governo japonês está usando todo o seu poder para defender a caça ilegal às baleias e para me punir”, afirmou Paul Watson em nota da Sea Shepherd. “Mas, tudo o que conseguirão é expor ainda mais sua natureza criminosa, sua ganância desmedida e seu compromisso imoral em destruir a diversidade da vida no oceano”.
Conforme a ong, o pedido reacende um conflito político iniciado após confrontos de Watson com a frota baleeira japonesa no Oceano Antártico, em 2010. Desde então, o Japão retalia ações protetoras de baleias e tenta enquadrar Watson como um criminoso por “motivos banais”.
De acordo com a Sea Shepherd, o Japão mantém uma indústria baleeira muito ativa mesmo após uma moratória global, desde 1986, sob o pretexto de “pesquisa científica”. Ou seja, explora uma brecha na suspensão para seguir caçando, comercializando e consumindo carne desses cetáceos.
Sob a liderança de Watson, a ong documentou e denunciou ao mundo essa prática, inclusive em santuários de baleias. As ações culminaram, em 2014, com a Corte Internacional de Justiça concluindo que o programa japonês não tinha caráter científico legítimo.
Dois anos antes, contudo, o Japão e a Costa Rica conseguiram incluir o nome do ativista numa lista da Interpol para busca de pessoas como assassinos em série e traficantes.
Pela ação tida como política, em julho passado Watson foi preso na Groenlândia. Após cinco meses na cadeia, ele foi liberado e rumou à França. Já em julho deste ano, seu nome foi removido da lista internacional de procurados perigosos. Ainda assim, para a Sea Shepherd o Japão seguirá pedindo extradições, que dependem da decisão soberana de cada país.
Por isso e diante da demanda japonesa, a defesa de Watson no Brasil protocolou um Habeas corpus preventivo para garantir a sua liberdade e segurança no país, durante sua participação na conferência climática.
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