Para maioria das pessoas, cobras são sinônimo de medo. O sentimento do pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Gentil Filho, entretanto, sempre foi outro: o fascínio. Motivado por ele, dedicou sua vida ao estudo das serpentes. Ao longo de suas pesquisas constantemente esbarrava na falta de informações dentro do universo científico até que decidiu, ele próprio, começar a produzir esse conhecimento sobre o mundo ainda misterioso das cobras. O resultado é o livro “Serpentes da Paraíba: diversidade e conservação”, que será lançado dia 29 de setembro, de forma independente.
A obra traz todas as 63 espécies de serpentes registradas no estado. Um trabalho minucioso, no qual Gentil contou com a ajuda e coautoria de outros três pesquisadores: Washington Luiz Vieira, Rômulo Romeu da Nóbrega e Frederico Gustavo França. Juntos, eles reuniram a maior pesquisa já feita sobre a população da ofiofauna paraibana. O livro de 350 páginas é a recompensa por cerca de 6 anos de pesquisa, onde a maior parte dos dados foi fruto de coleta primária, ou seja, informações inéditas levantadas diretamente por eles ao longo do estudo.
Dentre as 63, uma delas, a cobra-cega (Amerotyphlops paucisquamus) aparece na lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção. Gentil ressalva, entretanto, que não existe uma lista oficial de espécies ameaçadas no âmbito estadual. Segundo os estudos do grupo de pesquisadores, 16 espécies de serpentes podem ser consideradas sob risco na Paraíba. Entre elas a jararacuçu-do-brejo (Mastigodryas bifossatus) e a papa-pinto (Drymarchon corais) que outrora foram comuns na região e hoje se tornaram personagens raros da fauna paraibana. O pesquisador acredita que “a principal contribuição do livro é propor uma lista de espécies ameaçadas estadual para poder protegê-las por lei e também servir como instrumento para elaboração de planos de manejo de unidades de conservação onde, muitas vezes, falta esse tipo de dado”.
No capítulo final do livro, o destaque é exatamente a conservação e os autores destacam aspectos como a perda de habitat, tanto na Mata Atlântica como na Caatinga, os dois biomas existentes na Paraíba; e a matança indiscriminada de serpentes motivada pelo medo e falta de informação. Com o livro, Gentil espera contribuir para “conscientização do papel das cobras na natureza e desmistificá-las”. Para cumprir essa missão, garante que não é um livro feito apenas para comunidade acadêmica. “O livro atende também a proprietários rurais acostumados a encontrar serpentes, profissionais de agronomia, veterinária e até médicos, que recebem pessoas picadas por cobras e precisam saber identificá-las para adequar o tratamento. Fora os interessados pelo assunto”, explica Gentil.
O lançamento oficial do livro será dia 29, no Centro de Cultura Zarinha, em João Pessoa, Paraíba, às 19 horas. Na data, ele será vendido pelo preço promocional de R$210.
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