Enquanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não revela oficialmente os nomes que farão parte do primeiro escalão do seu governo, continuam as especulações. Favorita na fila para assumir um cargo de destaque na área ambiental, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (REDE) afirmou estar à disposição do novo presidente, mas negou ter “perfil técnico” para o cargo de autoridade climática, posto que será criado por Lula. A entrevista foi ao ar pelo podcast 2+1, da CNN com O Globo.
Um dos nomes cotados para a autoridade climática é de outra ex-ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, que inclusive tem uma forte atuação na Conferência Mundial do Clima, e teve um papel destaque no Acordo de Paris, a Cop-15.
Marina reforçou que o próximo governo terá uma frente ampla e que isso exigirá sabedoria de todos os lados para fazer as escolhas. Questionada sobre seu possível retorno ao Ministério, ela explicou que as definições irão começar apenas depois do relatório final do grupo de transição, previsto para 11 de dezembro.
“Aí vão começar as definições do presidente. Ele [Lula] tem que ter tranquilidade para fazer essas escolhas pensando na composição e obviamente que tudo que um aliado não pode fazer é ficar constrangendo o presidente. Claro que diálogos vão acontecer, conversas vão acontecer, precisa sensibilidade, transparência e quem está disposto a contribuir. Acho que todos que participaram desse processo estão dispostos a contribuir, inclusive eu”, comentou no episódio que foi ao ar na última quarta-feira (24).
O jornalista Carlos Andreazza, que apresenta o programa junto com a também jornalista Vera Magalhães, questionou Marina sobre a natureza do cargo, a ser criado, de autoridade climática e se seria possível conciliá-lo com um mandato no legislativo. A hipótese fazia referência direta à Marina, que foi eleita deputada federal no estado de São Paulo.
“A autoridade para risco climático é semelhante à autoridade nuclear ou às autoridades monetárias. É uma função técnica e tudo que a gente não precisa é que isso tenha algum tipo de viés político. Eu sei que eu entendo muita coisa de meio ambiente, mas eu não tenho um perfil técnico”, declarou a ambientalista.
“É uma autoridade nacional para que essa autoridade cuide da capacidade de resiliência, do cumprimento de metas dos diferentes setores, para que o Brasil tenha esse olhar para as ações de mitigação e adaptação [climática]”, acrescentou em explicação sobre o que deve ser a posição de autoridade climática.
A fala de Marina aumenta as especulações sobre o seu possível retorno à chefia do Ministério do Meio Ambiente.
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