A declaração feita pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, na segunda-feira (13), de que o Brasil estaria comprometido em acabar com o desmatamento ilegal até 2030 foi rebatida pelo cientista climático Carlos Nobre. Para o pesquisador, uma das maiores vozes da ciência do clima no mundo, se realmente quiser fazer frente à crise climática, país precisa acabar com todo desmatamento, não só o ilegal, diz.
A análise foi feita também na segunda-feira (13), durante o Roda Viva, programa da TV Cultura que contou com a participação a repórter especial de ((o))eco, Cristiane Prizibisczki, na bancada de entrevistadores.
Nobre lembrou que a Amazônia está à beira de alcançar o ponto de não-retorno, quando a floresta tropical não conseguirá mais se restabelecer devido ao intenso desmatamento e degradação que tem sofrido.
Alguns estudos indicam que certas áreas do bioma, principalmente na porção sul, conhecida como Arco do Desmatamento, já teriam ultrapassado este ponto, a partir do qual a floresta passa a ter caracteristicas de savana.
Segundo Carlos Nobre, o fim de todo desmatamento – não só o ilegal – seria essecial para evitar que não só a Amazônia chegasse a este ponto de inflexão, mas também outros biomas brasileiros.
“Temos que zerar todo o desmatamento. Estudos recentes mostram que não é só a Amazônia que está na beira do ponto de não retorno, mas também o Cerrado, a Caatinga…o Pantanal está diminuindo muito. Então, veja bem, todos esses biomas estão com um risco enorme. Então, o que temos que fazer? Zerar totalmente o desmatamento e, ao mesmo tempo, criar grandes projetos de restauração florestal”, disse.
Assista ao programa completo:
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