Três dias depois do primeiro turno e em terceiro lugar, com 4,16% dos votos, a senadora Simone Tebet (MDB), declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo turno, que acontecerá em 30 de outubro.
Em uma eleição marcada pelo voto a voto, entre Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro, o apoio da terceira candidata mais votada pode ser considerado um alívio para o petista, porém a longo prazo isso pode ser cobrado, e o preço da conta pode ser o meio ambiente.
“Meu apoio não é por adesão. Meu apoio é por um Brasil que sonho ser de todos, inclusivo, generoso, sem fome e sem miséria, com educação e saúde de qualidade, com desenvolvimento sustentável”, disse Tebet em transmissão exibida ao vivo em suas redes sociais.
Indo além das palavras, o histórico da relação PT e MDB (o antigo PMDB) não é bom para a Amazônia e o meio ambiente. Dessa dobradinha nasceram megaprojetos de infraestrutura, como mega hidrelétricas e o gasoduto Coari-Manaus na Amazônia, por exemplo.
É claro que, vale lembrar, essas obras foram um marco da corrupção no país, mas também já foram rechaçadas pela própria Tebet em debates, quando esta criticou os membros do próprio partido por esse passado.
Entre os pontos comuns das duas agendas ambientais estão o fato de Tebet e Lula já terem afirmado que irão revogar os decretos “anti-ambientais” de Jair Bolsonaro, e de se posicionarem contra o avanço da grilagem em terras públicas.
Os pontos neutros e em atenção são sobre o quanto Tebet pode influenciar nas metas de combate ao desmatamento, um tema caro à Amazônia e a todos os outros biomas que tiveram um aumento considerável de perda de áreas naturais nos três últimos anos.
Para Lula, a proposta atual é desmatamento ilegal zero. O petista não se comprometeu com a ideia encampada pelo terceiro setor de desmatamento zero para a floresta.
Segundo o seu plano de governo, que na verdade são diretrizes, Lula diz que irá combater o desmatamento ilegal e irá conservar todos os biomas brasileiros. Também pretende cumprir as metas assumidas na Conferência de 2015 em Paris e garantir a transição energética.
Já Tebet não fala de metas de desmatamento. Ela defende tolerância zero com o desmatamento ilegal, reduzir a devastação (sem assumir porcentagem), “combater com rigor” grileiros, invasores, madeireiros e garimpeiros e fortalecer a fiscalização de todos os biomas.
Formalmente o apoio foi oficializado com cinco pedidos por parte da ex-candidata, nenhum mencionando o meio ambiente:
Educação: ajudar municípios a zerar filas na educação infantil para crianças de três a cinco anos e implantar, em parceria com os estados, o ensino médio técnico, com período integral e conectividade, garantindo uma poupança de R$ 5 mil ao jovem que concluir o ensino médio, como incentivo para que os nossos jovens voltem à escola;
Saúde: zerar as filas de cirurgias, consultas e exames não realizados no período da pandemia, com repasse de recursos ao SUS;
Resolver o problema do endividamento das famílias, em especial das que ganham até três salários mínimos mensais;
Sancionar lei que iguale salários entre homens e mulheres que desempenham, com currículo equivalente, as mesmas funções. Esse projeto já foi aprovado no Senado Federal e encontra-se parado na Câmara dos Deputados;
Um ministério plural, com homens, mulheres e negros, todos tendo como requisitos a competência, a ética e a vontade de servir ao povo brasileiro.
Para quem aposta em Simone Tebet como um perfil de novo político do MDB, os próximos meses, e uma possível vitória petista para a Presidência, colocarão em xeque se ela, com o seu apoio, será realmente capaz de produzir uma nova proposta para o país, descolada do passado encampado por antigos apoiadores de Lula e Dilma Rousseff, como o atual senador Jader Barbalho, Edison Lobão (pai e filho sem mandato), Romero Jucá e Michel Temer, que juntos promoveram modificações intensas na legislação ambiental, como o Novo Código Ambiental de 2012.
A Amazônia e as florestas não podem mais ser a moeda de troca deste tipo de aliança.
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este é o momento de pensarmos e SÓ PENSARMOS em salvar a democracia, não é ? tanta coisa poderia ser dita, escrita e publicada depois…