Cientistas brasileiros descobriram a menor espécie de peixe cascudo-graveto já registrada. O animal, que não ultrapassa 10 centímetros, vive apenas em riachos da bacia do alto Rio Paraguai, no centro-sul de Mato Grosso. A descoberta do cascudo foi feita a partir de uma investigação que analisou cerca de 5 mil exemplares depositados em coleções científicas no Brasil e no exterior. O trabalho identificou quase 200 exemplares do desconhecido cascudo-graveto e confirmou que tratava-se de uma nova e diminuta espécie e não de um juvenil de cascudos já conhecidos.
O pequeno animal foi batizado com o nome científico Farlowella kirane, em homenagem ao povo indígena Paresí, que habita ancestralmente o território em que vive o cascudo-graveto, próximo à Chapada dos Parecis. Na língua dos Paresí, “kirane” significa pequeno.
A nova espécie foi descrita em artigo publicado na Neotropical Ichthyology, revista oficial da Sociedade Brasileira de Ictiologia (SBI), com acesso aberto.
Farlowella kirane pertence ao grupo de peixes popularmente conhecido como cascudo-graveto. A marca registrada desses animais é seu corpo fino e alongado, de coloração marrom, similar, de fato, a um graveto. Essa aparência é a camuflagem perfeita para fugir de potenciais predadores nas águas rasas na bacia do rio Paraguai, onde a paisagem aquática é composta por galhos e folhas que flutuam na superfície.
O que surpreendeu os cientistas na nova espécie é seu tamanho diminuto, o que levanta perguntas sobre qual caminho evolutivo levou este cascudo a encolher tanto, enquanto parentes próximos, como o peixe-galho (Farlowella amazona), que também vive na bacia do rio Paraguai, chega a 22,5 centímetros.
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